TAPETE VERDE NO RIO

Por Expedito Moraes

Amanhece chuviscando grosso. Durante a noite choveu tanto que alagou tudo. Nos campos, o capim ficou debaixo d’água. As águas escorrem pelos córregos até os igarapés, a correnteza é grande e leva tudo que encontra pela frente; animal afogado, galhos de árvores, estercos, troncos secos, derruba barreiras, arrasta tudo e despeja nos lagos e rios, assoreando os seus leitos.

Depois da tempestade, ouve-se o troar das águas despejadas pelos igarapés no rio. Nessa brenha mistura-se uma incômoda sinfonia executada por sapinhos, gias e cururus. Passam a noite nessa festa que só acaba com o raiar do sol. Acordo zonzo. Quase não dormi com toda essa barafunda. Ainda mais que, a embira que amarrava a meaçaba da porta da sala arrebentou com a força da trovoada e invadiu a sala, molhou a minha rede armada de um esteio à grade do meio me obrigando a desarmá-la e procurar outro lugar que não tivesse goteira.

Desço a escada para o terreiro e me deparo com um dos mais belos cenários do Rio Pindaré neste período. Estava coberto de um lindo tapete verde de uma margem a outra. Era início de janeiro.

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