SER, APENAS SER

Por César Brito*

 

“Viver com naturalidade nos torna filhos da natureza. Fazer parte de tudo, ser um só, apenas ser e deixar que outros sejam”.

Como decifrar o enigma desse mundo de sonhos misteriosos que nos rodeiam, enquanto buscamos simplesmente viver a vida? Viver com naturalidade nos torna filhos da natureza. Ver, sentir, ouvir, tocar, consumir, aceitar, entender, suportar, nos faz parte de tudo, o segredo de ser um só, apenas ser e deixar que outros sejam, difícil entender essa linha divisória que nos separa das indagações que está em todas as coisas e em tudo que há vida.

Curioso é, que quando chegamos próximo de entender e sem alternativas aceitar, sentimos o amor em sua mais pura essência por tudo e por todos, finalmente a confirmação, a esfinge, mas, já é final…

Devemos, portanto, em meio a vida e esperança viver com amor e muita emoção que faz com que haja sentido, que valha a pena, que tenha razão.

O coração que canta na alegria, no encanto, na fartura no celeiro, é o mesmo que lamenta angustiado, que grita, rugi com a alma em desespero.

É preciso espojar-se ao sentir o orvalho das noites, a brisa das manhãs e os primeiros cantos dos pássaros, o deslumbrante nascer do sol, os ventos, as chuvas, as nuvens, as estrelas, o bailar das folhas, o frescor sonolento, o abraço e o sorriso, o aroma das flores, do café e das cores, as boas novas, o amor, a inspiração e a poesia que nos leva ao longe e nos faz sentir as bençãos do criador.

Devemos sorrir e cantar nos momentos de alegria no coração, assim como sofremos e lamentamos na angústia e no desespero.

A ilusão da afortunada segurança proveniente da prosperidade, da sorte dos desertores do Senhor, que envaidecidos bendizem e exaltam supostas divindades e santidades, reflexo do ceticismo do ímpio ao refugiar-se à sombra da mesa posta na fartura, no deleite dos banquetes com delícias regadas a muitas bebidas, vinhos finos e aromáticos dedicados ao sommelier, em tom às vezes irônico, cínico, simpático, poético, ressoa em cada taça a expressão da arte, enchendo seus corações de emoção e alegria passageira, na intencionalidade da aparente perspectiva da vida, sem olhar pros lados, distantes da luz, do equilíbrio e daquilo que os levariam ao possível direcionamento mais justo, verdadeiro e preciso.

Seria, portanto, o mesmo que comer e continuar a sentir fome, beber e não saciar a sede, rejubilar-se em meio a indiferença, a insegurança e ao profundo sentimento de remorso e vergonha ao deparar-se com as sombras do verdadeiro prisma da vida. Surgem então, novos sentimentos ao estímulo da humildade, como o arrependimento, os pedidos de perdão, juras vazias e secretas, já que os erros e desencontros de outrora serão banalizados e esquecidos, já não lhes volverão ao espírito, o passado não será lembrado.

Novas vidas surgirão, amigos se vão outros que vêm, novos caminhos e edificações, a semente que brota ao cair no chão, sempre haverá um novo dia e uma nova contemplação, novos frutos, mais alegrias e a desilusão.

Isso mesmo, de mãos dadas, caminhando lado a lado sempre estará o lobo e o cordeiro, o dia e a noite, a alegria e a tristeza, a água e o braseiro, a sorte e a sua falta, descontração e a dor, a ira e o amor, a vida e a partida, o destino, o sul e o norte.

*César Brito (Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão-SCLMA).

2 opiniões sobre “SER, APENAS SER

  • 13 de fevereiro de 2023 em 23:36
    Permalink

    Parabéns

  • 14 de fevereiro de 2023 em 06:52
    Permalink

    Parabéns ao Nobre escritor César Brito, com a eloquência do cotidiano não só de um personagem, mas de diversos atores desse mundo que vivemos.

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