Chegou o Carnaval e os artistas da nossa terra “dançaram”

Chegou o Carnaval e os artistas da nossa terra “dançaram”

CENAS DO COTIDIANO III

Por Zé Carlos Gonçalves

O carnaval toma conta da cidade. E, como bem diz o poeta, “a cidade pega fogo!” No caldeirão fervente, alegria é a palavra chave. Somem “as dificulidades”, “como em um passe de mágica”. Afinal, não há bêbedo pobre! Bêbedo é riqueza! E bêbedo “faz coisa de até Deus duvidar”. Sozinho, faz até um carnaval! Ôxi!

Tudo é permitido. É hora de “vaca não conhecer bezerro”. Pena, que a “ressaca moral” já se constitua só em um termo arcaico. E a ressaca alcoólica não tem “um tempinho” de se manifestar; “o lava prato”, tal um tsunami, vem arrastando “até pensamento de doido”. E se “de doido todo mundo tem um pouco” … o carnaval está inocente.

Só lamento pelos meus ouvidos, que são invadidos, até rimou, por uma bagunça musical “dos infernos!” Esse plural é fantástico. Não sei quem foi lá, mas viu mais de um. Assim, “é difíci de nóis escapá”. Mas, é carnaval, e as ruas se transformam em banheiro. Até a “lei seca” tira férias. E os “sãos” se revelam; tão reprimidos estavam, presos em suas frustrações.

Os inconsequentes são a maior praga carnavalesca. Se “atolam” na barbárie. Podem tudo. Maisena, loló, cerveja quente … O comportamento é deplorável. Esquecem toda e qualquer gentileza.O

Os artistas da nossa terra “sobraram”. E, “por ironia do destino”, recebo a notícia de que os hotéis estão cheios. Muitos turistas vêm “pular” o carnaval do Maranhão. Mas, “fakearam” o carnaval. Até despediram o “Zé Pereira”. “O portuga!” Os incautos turistas “estão é levando gato por lebre”. O que é bem feito, né?! Maranhão não é terra de lebre! É terra, sim, de legitimar o abandono dos gatos. Fez-se até a praça.

Preguiçosamente felina. E, “ântis qui m’isqueça”, o Maranhão “é, de verdade, é” terra de palmeiras. E, “pra não perder o mote”, as palmeiras, e fechar com “uma pitada de humor”, até lembrei longe. Lá, no Zé Maria do Amaral. “Né, qui” um aluno, “um tantinho” gaiato, parodiou, tão bem, “o outro Gonçalves”. O Dias. E, por muito pouco, não causou o infarto do mestre geógrafo, o meu grande amigo – , que lhe pediu para dissertar sobre a grande riqueza deste estado. Então, “não se fez de rogado”. E, “curto e grosso, mandou certeiro”: “Aqui, no Maranhão, babaçu abunda!”

“Que doidiça de petulança!” Foi o melhor zero que já vi!
Só mesmo o carnaval para me trazer esse adormecido episódio!
Eita, carnaval “pilantra”!

Zé Carlos Gonçalves em fevereiro de 2023.

.. E VAMOS FALAR SOBRE O CARNAVAL

.. E VAMOS FALAR SOBRE O CARNAVAL

Por: Flaviomiro Silva Mendonça

Ainda é muito controverso sobre a origem do Carnaval. Alguns defendem que seu surgimento pode ter ocorrido no Egito Antigo, e outros na Grécia ou em Roma. Mas o mais importante de tudo isso é que o carnaval encontrou no Brasil um lugar privilegiado para ser festejado. É a maior festa popular do nosso país, sem dúvida alguma. Pensar no Brasil, sem pensar no carnaval e no futebol nos soa muito estranho, já que os dois já viraram elementos muitos fortes dentro da nossa identidade nacional.

De acordo com Soihet (2003), o carnaval foi somente introduzido no Brasil na década de 1830, com a finalidade de substituir o entrudo, considerado por Galvão (2009), como uma forma primitiva, festa trazida pelos primeiros colonizadores portugueses. O entrudo é uma palavra que vem do latim (introitun), significa entrada, início, abertura para a Quaresma.

No Brasil, não teve como assumir características peculiares com elementos de forte influência negra e indígena. Com o passar do tempo, a brincadeira do entrudo foi considerada vulgar e simbolizava, também, o atraso. Assim, esse tipo de festa carnavalesca foi perdendo, progressivamente, seu espaço e dando lugar ao modelo europeu (elitista e burguês) de festejar o carnaval, utilizando máscaras importadas de Paris e Veneza, fantasias luxuosas, confetes, serpentinas e lança-perfume, contrastando, de fato, com o entrudo, que durante os dias que antecediam o tempo quaresmal, a população sai pelas ruas jogando, entres si, pós, água de líquidos malcheirosos, limões-de-cheiro (feitos de cera) etc.

Na década de 1850, surgiram no Brasil as Grandes Sociedades. Esse tipo de agremiação carnavalesca ganhou grande popularidade dentro do carnaval carioca que se perpetuou por um longo período. O desfile destas entidades lembra muito as escolas de samba de hoje, por possuírem carros alegóricos e mulheres seminuas dançando durante sua apresentação. É uma permanência dos antigos carnavais.

De acordo com a pesquisadora Galvão(2009: 73), ela nos acrescenta que: “a partir de então proliferaram e impulsionaram um novo modelo de Carnaval, considerado mais civilizado e mais europeu”. Interessante é que até os nomes dessas agremiações eram associados a denominação de algum lugar na Europa, como: União Veneziana, Boêmia, Estudantes de Heidelberg e Acadêmicos de Joanisburg. É importante destacar que, mesmo sendo entidades elitistas, carregavam dentro de si ideais abolicionistas, progressistas e republicanos. Em muitos casos, compravam até alforrias de alguns escravos, com dinheiro arrecado pelos seus sócios.

Entretanto, mesmo com a forte implantação de modelo preferencialmente francês de se fazer carnaval, “pela porta dos fundos” se ergueram as manifestações formadas por classes populares compostas, principalmente, por negros e mestiços, afrontando não intencionalmente a crença da superioridade racial e social, dentro de um processo de civilização dos brasileiros à moda europeia. Isso foi motivo para fortes críticas e repúdio por parte dos cronistas e dos intelectuais da época, como Artur Azevedo, que em um artigo publicado no jornal O Paiz, afirmava que: “um estrangeiro que desembarcasse no Rio de Janeiro, num domingo de Carnaval, pensaria estar nalguma terra dominada de africanos” (Soihet, 2009: 304).

Outro problema apontado nesse período era o espaço de sociabilidade que seria destinado a foliões distintos. Havia uma verdadeira segregação: a Rua do Ouvidor (transferido posteriormente para a Avenida Central) era reservada às elites, e a Praça Onze, limitada aos populares (sambistas e malandros). Contudo, esses espaços considerados populares foram, aos poucos, atraindo a classe média, que ao sair de seus corsos, iam diretamente aos blocos de sujo para complementar e extravasar sua euforia.

O Movimento Modernista, na década de 1920, foi decisivo para que as manifestações culturais populares ganhassem definitivamente um lugar em destaque: “Após a Primeira Guerra Mundial desmorona-se a ilusão da Europa como centro de um progresso ilimitado, tomando vulto no Brasil um movimento em busca de suas raízes” (Sohiet, 2009: 308). Era um momento de muita reflexão, de repensar nos valores nacionais, assim como conhecer sua expressão cultural e dessa forma inserir elementos peculiares à nação brasileira em constante processo de construção.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SOIHET, Rachel. O povo na rua: manifestações culturais como expressão de cidadania. In: O Brasil Republicano – Livro 2. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 2003.
GALVÃO, Walnice Nogueira. Ao som do samba – uma leitura do Carnaval carioca. Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo: 2009…. ma leitura do Carnaval carioca. Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo: 2009.

Flaviomiro é o último da esquerda para a direita. No Carnaval FDBM 2019

* Flaviomiro Silva Mendonça

É natural de Penalva. Possui graduação em História/Licenciatura (2019) e em Ciências Econômicas, ambos pela Universidade Federal do Maranhão (2002). Tem experiência na área de ensino e pesquisa, atuando principalmente no seguinte tema: HISTÓRIA ARQUEOLOGIA ENSINO

A EDUCAÇÃO LIBERTA E TRANSFORMA

Por Expedito Moraes

Dona Louedes, certa manhã, conversava com seus alunos, como sempre fazia.

Dizia ela que, no futuro, quando estivesse bem velhinha, teria muita dificuldade para subir aquela imensa ladeira da Rua da Glória, onde morava e fazia de sua casa uma pequena escola. Mas, que também tinha certeza, que num desses dias iria aparecer um de nós em um carrão e lhe dar uma carona.

Naqueles idos anos 60, sonhar em ter um carrão era simplesmente um sonho.

Alguém perguntou como isso seria possível, se todos ali eram pobres?

Ela, com muita sabedoria, como sempre, respondeu:
– Vocês estão aqui para aprender como podem ter sucesso na vida.

Vinte anos se passaram, D. Lourdes, aos 50 anos, se formou em Pedagogia, que até então era leiga. Passou em um concurso municipal e estava lecionando numa importante escola municipal.

Eu, que havia terminado recentemente minha graduação e já estava ocupando um importante cargo público, consegui a nomeação dela para o cargo de diretora daquela escola.

Cheguei de surpresa naquela mesma casa onde passei parte da minha infância aprendendo com o ato de nomeação na mão. Fui em meu carro, recentemente comprado, apanhá-la para levar para sua posse.

No caminho, morrendo de felicidade, ela me disse que jamais esperara que um dia um ex-aluno fizesse isso.

– Como assim? – respondi rindo:

 – A senhora pode não lembrar… mas, eu lembro bem, e repeti a frase que ouvira anos atrás. 

Mais tarde, na solenidade de posse, entre risos e lágrimas ela contou essa história. Dona LOUEDES ensinava VALORES.

(Expedito Moraes), fevereiro de 2023

FELICIDADE, BONDADE, DEDICAÇÃO, EQUILÍBRIO, RIGIDEZ E SERENIDADE NO TRABALHO EDUCATIVO E NA PRÁTICA DO BEM

Por César Brito*

 

O transbordamento na plenitude da responsabilidade e das emoções provenientes do ofício de uma educadora e professora de ensino primário, no fim da década de cinquenta, décadas de sessenta a oitenta, e o contraste da falta de reconhecimento que pudesse recompensar todo seu empenho e dedicação nas atribuições impostas pelo exercício de uma profissão difícil, mas inspiradora e digna que fez e continua fazendo toda diferença na vida de seus ex-alunos. Mais que conhecimento e metodologia pedagógica, era preciso firmeza e elegância para transmitir confiança e carisma para ser aceita e querida por todos os ex-alunos na reciprocidade mútua do sentimento de uma segunda família. Era preciso exercer com paciência e controle das emoções as agitações discentes, compartilhar saberes e moldar valores comportamentais e éticos, fundamentais ao aprimoramento da conduta a ponto de mudar ou marcar seus destinos para sempre, deixando em seus corações um sentimento de respeito e gratidão.

A Professora Felicidade demonstrava amor pela profissão, fazia tudo com envolvimento, clareza e dedicação ao transferir seus conhecimentos e experiências.

Nunca estamos preparados para nos despedir de alguém, não importa o tempo, a convivência, os laços familiares, o companheirismo, o afeto, enfim, sempre sentimos, ainda mais quando se trata de alguém tão especial, que fez parte da sua história de vida. Não há palavras para descrever a tristeza que sinto em saber que esta saudade seguirá sempre comigo. Guardarei a sua memória no meu coração e o imenso carinho com que sempre me abençoou. Minha segunda mãe, minha madrinha que juntamente com o meu querido e saudoso padrinho Antônio Augusto, no dia 18 de dezembro de 1969, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Viana – MA, me concederam a consagração ao batismo, motivo de grande satisfação e orgulho.

FELICIDADE DUARTE DE FARIAS SILVA, nasceu no dia 15 de abril de 1936, na cidade de Pastos Bons – MA, tinha quatro irmãos, são eles: Margarida Duarte de Farias, Rita Duarte de Farias, Antônio dos Reis Duarte de Farias e Josefa Duarte de Farias. Era filha de Maria Raimunda Duarte de Farias e Tomaz Duarte de Farias. Casou-se com Antônio Augusto Alves da Silva com quem teve duas filhas, Tânia Maria Duarte Silva, Médica Veterinária e Maria Raimunda Duarte Silva Neta, Engenheira Agrônoma e ainda um filho adotivo Pedro Augusto Silva Araújo. Avó de 5 (cinco) netos e netas, Sara Ione da Silva Alves, Artur Bernardo da Silva Alves, Antônio Augusto da Silva Alves, Itamara Ayslana Silva Meireles e Gustavo Douglas Silva Meireles. Foi uma das pioneiras na educação de Matinha no ano de 1958, vindo a hospedar-se no casarão do Sr. João Amaral da Silva (Juca Amaral), que era Prefeito Municipal. Outros professores já haviam chegado no município. Vinda da cidade de Floriano no Piauí a professora Iraci da Nóbrega e quando Matinha ainda era uma Vila pertencente ao território do município de Viana, vieram Joaquim Inácio Serra, da cidade de São Vicente de Ferrer e Etelvina Gomes Pinheiro, da cidade de Viana.

Felicidade Duarte de Farias Silva

No Brasil, nas décadas de 1940 a 1970, a formação de professores do curso primário era atribuída ao curso Normal. Era o desafio de aprender a ensinar saberes, conteúdos prescritos pelo programa ou segundo preceitos do empirismo e das convivências, ou seja, tornar-se professora ou aprender a ser professora, proporcionar o estímulo à aprendizagem e o quanto valia a pena dedicar-se nesse imenso mundo de informações em meio às desigualdades sociais e tantas outras dificuldades enfrentadas. Era professora de Geografia do Grupo Escolar Joaquim Inácio Serra e professora de Técnicas Agrícolas, quando ensinou a muitos plantar a semente do conhecimento e os orientou para a vida.  Difícil falar em educação na cidade de Matinha, sem lembrar da nossa Felicidade.

Somente no dia 15 de fevereiro do ano de 2017, na ocasião das comemorações do aniversário da cidade, por iniciativa do então Vereador José Orlando Santos e sugestão de José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha), embora tardiamente, 65 (sessenta e cinco) anos após a sua chegada em Matinha, finalmente o reconhecimento por tudo que havia contribuído no contexto educacional e social, o Título de Cidadã Matinhense, recebido das mãos da Exma. Prefeita, Sra. Linielda Nunes Cunha.

Felicidade de Antônio Augusto, como era conhecida, tinha consigo uma didática de berço, rígida e dedicada, tinha grande habilidade e boa prática pedagógica para transferir seus conhecimentos com firmeza e elegância, assim colaborou imensamente com o ensino de nossa cidade. Vejamos então, um pouco do direcional de sua trajetória através de depoimentos nas perspectivas de alguns dos seus ex-alunos.

 

“Em 1958 tive o privilégio de ser aluna de D. Felicidade, terceiro ano, primário. Sempre a admirei muito, a achava muito elegante, altiva. E, como minha mestra, nem se fala! Acredito, que nessa fase começou despertar em mim o desejo de ser professora. No auge dos meus 8 anos, queria ser igual a ela. Tudo eu observava e achava lindo, em D. Felicidade, lembro até das roupas, colares, brincos, quando morava na casa de Juca Amaral, Prefeito Municipal. Quando voltei professora e depois me tornei diretora do Grupo Escolar Joaquim Inácio Serra, trabalhamos juntas, e que maravilha! Sempre me ajudou com sua vasta experiência e conhecimentos. Nos tornamos mais amigas. O meu carinho e admiração por D. Felicidade, só aumentou, sua postura, educação, profissionalismo, ética, são marcas presentes em sua trajetória de vida. São tantas lembranças… Hoje, sou só Gratidão, por Deus ter permitido a felicidade de usufruir do convívio com D. Felicidade Duarte de Farias Silva. Deus preparou um lugar especial no seu Reino, para recebê-la. Saudades eternas”.  Por Rosa Aroucha.

“Eu tive o prazer de ser aluno de uma notável mulher e educadora, a Senhora Felicidade Duarte Farias Silva. Votada a profissão pela vocação, fez dela um verdadeiro sacerdócio. Tinha uma didática vocacionada, que a formação pedagógica só fez lapidar. Tenho dela só boas recordações, tempo esse que ser professora, era ser uma mãe e afetuosa conselheira. Impunha sempre no rosto, uma serenidade angelical, que era o bastante para a sala de aula, reinar a paz e profundo respeito. O seu nome durante todo esse tempo iluminou e deixou a Educação de Matinha feliz. Tenho orgulho de dizer, que fui seu aluno. Matinha agradece, pelo grande legado, que deixou”.  Por Arquimedes Araújo.

“A professora Felicidade Duarte de Farias, com sua inquestionável competência e profissionalismo, deixou marca indelével na educação matinhense. Ensinou gerações. Por muito tempo foi soberana lecionando a terceira classe do curso primário do Grupo Escolar Professor Joaquim Inácio Serra. Fui seu aluno. Aprendi muito com ela. Dedicada, era rígida sem perder a ternura. Tinha segurança e técnica, para transmitir os ensinamentos de forma firme e fácil. Nós, seus ex-alunos, seremos eternamente gratos pela dádiva de termos estudado e aprendido com ela. Seus ensinamentos permanecerão vivos em muitas gerações de matinhenses”. Por José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha).

“Tive o privilégio de ser aluno de dona Felicidade, assim como a maioria dos meus conterrâneos. Anos depois fomos colegas no segundo grau na escola Etelvina Gomes Pinheiro, e ainda fomos professores na (a época) escola de dona Nhadica, embrião do atual IEASC, que ficava na Fraternidade. muito privilégio…” Por João Carlos da Silva Costa Leite.

 

Comumente ouvimos largos elogios e um semblante seguro e convicto na face e na fala, reminiscências dos matinhenses e das pessoas que tiveram o privilégio da convivência e puderam usufruir da amiga, da professora, da educadora e orientadora, figura humana que transbordava respeito e generosidade, transparente em suas ações, com gestos e atitudes, porém, de uma grandeza impressionante que serviu de exemplo e ensinou lições de vida, deixando em todos a felicidade e um grande sentimento de gratidão, amor, carinho, amizade, respeito, e tantos outros valores sólidos, fundamentais na vida das pessoas e de suas famílias.

A Professora Felicidade, com o corpo recurvado, sem o sentido e a percepção da visão e audição, passos que não tropeçavam mais, voz sublime e serena sem consonância com o mundo em sua volta. Faleceu no dia 07 de fevereiro de 2023, aos 86 anos de idade, deixando um legado de educação, generosidade e muita dignidade.

Todo indivíduo é movido pela busca da felicidade”.  Sigmund Freud

* César Brito (Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão – SCLMA).

Arquivos Matinha - Página 2 de 3 - FDBM

SER, APENAS SER

SER, APENAS SER

Por César Brito*

 

“Viver com naturalidade nos torna filhos da natureza. Fazer parte de tudo, ser um só, apenas ser e deixar que outros sejam”.

Como decifrar o enigma desse mundo de sonhos misteriosos que nos rodeiam, enquanto buscamos simplesmente viver a vida? Viver com naturalidade nos torna filhos da natureza. Ver, sentir, ouvir, tocar, consumir, aceitar, entender, suportar, nos faz parte de tudo, o segredo de ser um só, apenas ser e deixar que outros sejam, difícil entender essa linha divisória que nos separa das indagações que está em todas as coisas e em tudo que há vida.

Curioso é, que quando chegamos próximo de entender e sem alternativas aceitar, sentimos o amor em sua mais pura essência por tudo e por todos, finalmente a confirmação, a esfinge, mas, já é final…

Devemos, portanto, em meio a vida e esperança viver com amor e muita emoção que faz com que haja sentido, que valha a pena, que tenha razão.

O coração que canta na alegria, no encanto, na fartura no celeiro, é o mesmo que lamenta angustiado, que grita, rugi com a alma em desespero.

É preciso espojar-se ao sentir o orvalho das noites, a brisa das manhãs e os primeiros cantos dos pássaros, o deslumbrante nascer do sol, os ventos, as chuvas, as nuvens, as estrelas, o bailar das folhas, o frescor sonolento, o abraço e o sorriso, o aroma das flores, do café e das cores, as boas novas, o amor, a inspiração e a poesia que nos leva ao longe e nos faz sentir as bençãos do criador.

Devemos sorrir e cantar nos momentos de alegria no coração, assim como sofremos e lamentamos na angústia e no desespero.

A ilusão da afortunada segurança proveniente da prosperidade, da sorte dos desertores do Senhor, que envaidecidos bendizem e exaltam supostas divindades e santidades, reflexo do ceticismo do ímpio ao refugiar-se à sombra da mesa posta na fartura, no deleite dos banquetes com delícias regadas a muitas bebidas, vinhos finos e aromáticos dedicados ao sommelier, em tom às vezes irônico, cínico, simpático, poético, ressoa em cada taça a expressão da arte, enchendo seus corações de emoção e alegria passageira, na intencionalidade da aparente perspectiva da vida, sem olhar pros lados, distantes da luz, do equilíbrio e daquilo que os levariam ao possível direcionamento mais justo, verdadeiro e preciso.

Seria, portanto, o mesmo que comer e continuar a sentir fome, beber e não saciar a sede, rejubilar-se em meio a indiferença, a insegurança e ao profundo sentimento de remorso e vergonha ao deparar-se com as sombras do verdadeiro prisma da vida. Surgem então, novos sentimentos ao estímulo da humildade, como o arrependimento, os pedidos de perdão, juras vazias e secretas, já que os erros e desencontros de outrora serão banalizados e esquecidos, já não lhes volverão ao espírito, o passado não será lembrado.

Novas vidas surgirão, amigos se vão outros que vêm, novos caminhos e edificações, a semente que brota ao cair no chão, sempre haverá um novo dia e uma nova contemplação, novos frutos, mais alegrias e a desilusão.

Isso mesmo, de mãos dadas, caminhando lado a lado sempre estará o lobo e o cordeiro, o dia e a noite, a alegria e a tristeza, a água e o braseiro, a sorte e a sua falta, descontração e a dor, a ira e o amor, a vida e a partida, o destino, o sul e o norte.

*César Brito (Presidente da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão-SCLMA).

PRIMEIRO CAUSO: APELIDOS QUE MATAM

PRIMEIRO CAUSO: APELIDOS QUE MATAM

Por Expedito Moraes

Lá prás bandas do Pulidoro, povoado fora da zona Urbana de Cachoeira, teve um fato acontecido assim:

Quem nos relata e espalha pelo mundo inteiro é o influente blogueiro Zé Minhoca. Porém, nessa época, apesar do avanço tecnológico extraterreno dos cachoeirenses, Zé Minhoca era chamado mesmo era de Linguarudo e Fuxiqueiro.

Pois bem, a notícia correu igual a Curacanga nos campos secos do verão ou a Pororoca em noite de lua cheia no leito raso do rio Pindaré.

Segundo o Linguarudo, Tonico Isca de Piaba, apelido que lhe foi dado na infância por ser o sujeito gordinho e batorezinho, era desaforado, não “injeitava” uma discussão e briga. Era metido a valente. Andava pelos campos a cavalo com um facão Colin maior do que ele do lado. Mas, se aparecesse um cabra pra lhe chamar pelo apelido… Ave Maria!… Tonico ficava doido. Se atirava do cavalo em baixo, já tirando o facão da bainha, fazia um “rapa pé”, e a molecada caía no mato.

Tonico ficava “bufando de raiva”. E foi numa dessas vezes que Tonico “dançou”.
Empolgado com tanta gente lhe ouvindo antes de começar a ladainha na casa de D. Hipólita, Zé Minhoca, com ar de apresentador da GLOBO, dizia que Tonico tinha se casado há pouco com Maroca, uma moça que “caiu na vida” após ter sido vista deitada e abraçada por trás de uma moita com um tal de “Porco D’dágua”, barqueiro que desembarcou no porto de Djalma Moreno para dançar no “arrasta pé” de Olegário.

Existe um “dito” popular naquelas bandas de que as mulheres dali não podem ver um embarcadiço de fora que ficam doidinhas da cabeça.

Ora, com o calor do belo corpo e dos rebolados de Maroca dançando “Pisa na Fulô”, suando tanto que o azeite de carrapato do cabelo escorria pela blusa e também pela camisa do barqueiro, o cabra ficou doido. E ela também. Saíram do salão pra mijar. Só que quem percebeu a fuga, para o azar deles, foi o Fuxiqueiro.

Não demorou “uma hora de relógio”, e só duas pessoas sabiam do acunticido – Deus e o mundo. A moça ficou tão “mal falada” que, depois disso, só quem a quis como esposa foi “Isca de Piaba”.

Mesmo assim, MAROCA pediu um juramento dele: – Tonico, tu pra mim é só TONICO, entendeu? No dia que um “filho de corno” lhe chamar desse seu apelido, tu vai me prometer que vai dar uma surra em quem quer que seja ele. Se tu não fizer isso, eu te largo.
Tonico, já totalmente “inrabichado” por ela, sacudiu com a cabeça e saiu sisudo e triste, lembrando de Ariston, cabra valente acostumado a gritar na beira do campo de bola o apelido de um outro sujeito brabo. Ariston levava sempre com ele um patacho, desse de roçar, que servia para cortar a carne do churrasco que ele fazia e, ao mesmo tempo, se proteger quando gritava o apelido: “Zé da Burra”.

Tonico já estava acostumado com os gritos de Ariston: “- segura essa bola “Isca de Piaba!”. Ficava desajeitado, isso ficava, mas também gostava, e muito, da feijoada que Ariston fazia e oferecia aos atletas.

Nesse dia, teve vontade de conversar com Ariston e lhe falar sobre a conversa. Depois, pensou que não ia adiantar. Ariston era gozador e a coisa podia até piorar.

Resolveu se aconselhar com Olímpio para lhe pedir que conversasse com Ariston. Mas, esse daí ainda era pior. De vez em quando, além de chamá-lo pelo apelido, ainda lhe tratava de coisa pior. Desistiu. Ocorre que, no sábado seguinte à conversa, Maroca fez um mocotó reforçado, com macaxeira, banana, tutano, e muito nervo. Só coisas que faziam mal pra Tonico.

Semanas antes, Tonico fora levado às pressas ao posto médico, quase enfartando. A pressão estava 22/8. O médico lhe aconselhou a se alimentar de coisas leves e a suspender o cigarro, a cachaça, e outras coisas:
– Mulher, tu te esqueceu do que o médico disse?! Essa comida não é muito pesada?
– Tonico, tu não vai jogar bola hoje? Isso tudo aí tu vai “disgastar” rapidinho.

Tonico até pensou que a mulher queria que ele morresse. Mas, terminou achando que ela estava era cuidando bem dele.
Só que o “Capeta é muleque”. E quando Tonico chegou na beira do campo, olha quem ele encontra: Olímpio e Ariston. Olímpio ainda fumando e tomando cachaça de Ipixuna. Os dois logo o cumprimentaram chamando pelo apelido.
Tonico pediu para falarem baixo. Disse que a mulher não gostava.
Piourou.
Olímpio lhe ofereceu um cigarro e uma talagada de cachaça.
O jogo ia começar.

Ariston lhe ofereceu um copo de cerveja. Tonico, ao que parece, se esqueceu do médico. Tomou tudo e fumou.
Botaram Tonico no ataque. O sujeito parecia Bimbinha. Baixinho, corria muito, driblava o time inteiro e gol… nadica de nada.
Maroca, resolveu visitar a tia que morava ao lado do campo.

No minuto que ela ia passando pelo campo, viu Tonico driblar um, dois… a defesa adversária toda. Até o goleiro. E chutou a bola…. pra fora.
Aí, a pessoal da barreira inteira gritou “VAI TE LASCAR, ISCA DE PIABA!”.
Maroca, vermelha igual a pescoço de galo carioca, tentou se esconder. Não adiantou. Ariston já tinha lhe olhado e, virando pra ela, gritou: “Senhora, este seu Isca de Piaba não serve nem pra fazer gol, imagina pra lhe fazer um filho!”
Nessa hora, o sangue de Tonico explodiu no corpo inteiro, subiu à cabeça, estancou pelo coração, e o pulso latejava igual venta de cavalo cansado.

Maroca, sem poder falar, aponta pra ele e faz um sinal de quem corta alguma coisa com um patacho e, lívida, gritou pro marido: “Vou voltar e arrumar tua trouxa”.
Tonico não ouviu mais nada, teve um ataque de coração fulminante.

Segundo Zé Minhoca, os culpados por Tonico ter “batido as botas” e se mudado para a “cidade de pé junto”, são: Maroca, Ariston e Olímpio.
O pobre nem teve tempo de pegar sua trouxa, mas Maroca preparou uma bem bonitinha, com tudo dele, e jogou dentro da cova.

Expedito Moraes, 11.02.23

Fórum da Baixada reúne-se com o Conselho Deliberativo do Sebrae

Fórum da Baixada reúne-se com o Conselho Deliberativo do Sebrae

Ontem (09/02/2023), representantes do Fórum da Baixada Maranhense (FDBM) reuniram-se com o Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/MA, Dr. Celso Gonçalo de Sousa assessorado pelo Chefe de Gabinete, Antônio Paixão Garcês. O FDBM foi representado pelo presidente da instituição, Expedito Nunes Moraes e dois dois vice-presidentes, Ana Creusa Martins dos Santos e Antônio Lobato Valente.

“O objetivo do encontro foi visando revitalizar a excelente parceria entre as duas instituições iniciada logo após a criação do FÓRUM DA BAIXADA. Naquele período o Presidente do SEBRAE era o companheiro João Martins que disponibilizou o Dr. Tadeu Edson Borba para, com a participação dos forenses, construírem o PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA BAIXADA MARANHENSE, de lá para cá, tivemos pandemia, eleições e muitas indefinições políticas, de modo que agora com o cenário mais estabilizado reiniciaremos a construção de novas parcerias e revitalização das já existentes.

Atualmente, com o SEBRAE reiniciaremos já com a proposta de reavaliar e atualizar o Plano, adaptar aos Eixos definidos pela atual Gestão e assim traçarmos estratégias eficazes e possíveis para a execução dos nossos objetivos.

O vetor principal para essa mobilização é a capacitação de pessoas para a inserção nas novas oportunidades que advirão para o Estado, óbvio, focando fundamentalmente nos investimentos previstos para a Região da Baixada e Litoral Ocidental, como exemplo: Centro Espacial de Alcântara (CEA), TAP, ferrovias, produção e indústrias de pescados, exploração da Bacia Petrolífera Maranhão/Pará, etc.” enfatizou o Presidente Expedito Moraes.

A reunião ocorreu em clima de extrema positividade. O Presidente Celso e Garcês, além de receptivos demostraram conhecedores da Baixada, lembrando que o sucesso de Itans deve-se muito a essa instituição.

Outros projetos nos foram apresentados, como exemplo: a industrialização e aproveitamento pleno do Abacaxi, do Coco Babaçu em Palmeirândia, entre outros.

O FORÚM convidou o SEBRAE para fazer parte do Passeio Turística que promoverá nos dias 21 e 22 de abril nos lagos de Viana até Cajari (roteiro em formatação).

Os representantes do Fórum da Baixada foram surpreendidos pelo nível de conhecimento do Conselheiro sobre os assuntos atinentes à microrregião da Baixada e Litoral Ocidental, motivo pelo qual todos saíram com a certeza de que formarão ampla parceria com a nova direção do Sebrae, mantendo a tradição da parceria em muitos projetos e ações.

 

O MARANHÃO REAL E O VIRTUAL

O MARANHÃO REAL E O VIRTUAL

Por Expedito Moraes

O Estado do Maranhão já era há 8 anos, o penúltimo estado mais pobre do Brasil, todos os governantes juraram, nos seus discursos de posse, tirar o estado dessa terrível situação. Podem até terem tido essa intenção, entretanto, o resultado tem sido desastroso. Atualmente, batemos recorde em todos os índices negativos, mantendo-nos em estado de pobreza e miséria, nossa Baixada no bolo.

Nas beiradas dos campos, nas capoeiras, nas beiras do rios, no meio da seca e dos alagados; crianças dormem com fome, sofrem com ataques de verminose, com corpos esquálidos, desnutridos, sem assistência médica onde, ainda, a ambulância é uma rede velha pendurada num pau carregada pelos caminhos de lama ou torrão. Ao chegar ao hospital na sede do município é colocado numa ambulância para transportá-lo pelas estradas esburacadas e pelo Ferry, até o Socorrão. Chega vivo, porém, pior do que estava.

E a Educação? Bem, neste item continuamos sendo os piores. Razão, pela qual, fica impossível superar a barreira da pobreza.

Somos impotentes para resolver isto? Acredito que não. Falta de recurso não é. As transferências federais e estaduais para o Estado e os municípios nunca deixaram de chegar. Essas transferências são constitucionais, em hipótese alguma um governante pode deixar de cumprir. O Maranhão é um dos estados que depende destas transferências; imaginem nossos municípios. 

O Maranhão tem o maior índice de famílias beneficiadas pelo Auxílio Brasil (Bolsa Família), são 1,22 milhão de famílias contempladas, um investimento federal de R$ 743,3 milhões. Entre os lares beneficiados pelo programa permanente de transferência de renda do Ministério da Cidadania, mais de 1 milhão, ou 82,5%, têm uma mulher como responsável financeira. Levando em consideração 5 pessoas por família são mais de 5 milhões de pessoas beneficiadas. Ou seja, aproximadamente, 70% da população. Na capital São Luís, 123,7 mil famílias são beneficiadas, fruto de um investimento de R$ 74,4 milhões.

Para se ter uma ideia, em boa parte dos municípios do Estado, principalmente os da Baixada o volume de recursos proveniente desta transferência são maiores do que o FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

O paradoxo é que estes recursos não ficam nos municípios e nem no Estado.  

O Desafio é transformar o virtual em real. No virtual tá tudo muito lindo, mas o real é assustador. Vamos à luta!

Expedito Moraes, fevereiro/2023

Eduardo Castelo Branco, um empreendedor admirável

Eduardo Castelo Branco, um empreendedor admirável

Por Expedito Moraes

Eduardo Castelo Branco, empreendedor, ferrenho defensor do desenvolvimento da Baixada e em especial a sua terra – Anajatuba, onde tem vários investimentos.

Nos primeiros anos deste século conseguiu com o Governo do Estado do Maranhão, à época, José Reinaldo Tavares, por meio do deputado João Evangelista, ambos seus amigos pessoais, recursos para uma das obras de suma importância para aquele município, que foi a dragagem do igarapé de Troitá gerando toneladas de pescado semanalmente. Dessa experiência surgiu a ideia de construir as valas (açudes de 12m x 400 m) nos campos para criação de peixes e outros animais, bem como cultivos de modo integrado e sustentável.

Em 2015, o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) visitou os empreendimentos. Desse empreendimento tem-se o cultivo da Manga Gigante.

Sempre esteve envolvido com os principais projetos estruturantes da Baixada, por exemplo: o Diques da Baixada e a ponte que ligaria Anajatuba a São João Batista, e outros.

Articulado politicamente e com bom trânsito na administração atual, reuniram-se, neste sábado (28/01/2023), em sua casa em São Luís, várias autoridades do governo atual e de outros dos segmentos de empreendedorismo para discutirem assuntos pertinente à possibilidade de investimentos no Maranhão e, consequentemente, para o desenvolvimento da Baixada Maranhense.

O Dr. Márcio Vaz fez uma apresentação discorrendo sobre a necessidade da construção dos Diques e outras questões relacionadas com ao meio ambiente. Fui convidado, mas, por motivo de força maior não pude comparecer.

O debate foi excelente, disse-me Eduardo, bem como me afirmou que haverá nova reunião.

Vejam os presentes:


Da esquerda para direita.

Secretário adjunto da indústria e Comércio, Ubiratan. Secretário Cassiano , sec. Agricultura José Antônio, consultor Márcio Vaz , Pereira e Bergman , superintendentes na Sagrima , Max diretor CIM (Consórcio dos Municípios do Vale), Secretário de Pesca , Patrick.

TAPETE VERDE NO RIO

TAPETE VERDE NO RIO

Por Expedito Moraes

Amanhece chuviscando grosso. Durante a noite choveu tanto que alagou tudo. Nos campos, o capim ficou debaixo d’água. As águas escorrem pelos córregos até os igarapés, a correnteza é grande e leva tudo que encontra pela frente; animal afogado, galhos de árvores, estercos, troncos secos, derruba barreiras, arrasta tudo e despeja nos lagos e rios, assoreando os seus leitos.

Depois da tempestade, ouve-se o troar das águas despejadas pelos igarapés no rio. Nessa brenha mistura-se uma incômoda sinfonia executada por sapinhos, gias e cururus. Passam a noite nessa festa que só acaba com o raiar do sol. Acordo zonzo. Quase não dormi com toda essa barafunda. Ainda mais que, a embira que amarrava a meaçaba da porta da sala arrebentou com a força da trovoada e invadiu a sala, molhou a minha rede armada de um esteio à grade do meio me obrigando a desarmá-la e procurar outro lugar que não tivesse goteira.

Desço a escada para o terreiro e me deparo com um dos mais belos cenários do Rio Pindaré neste período. Estava coberto de um lindo tapete verde de uma margem a outra. Era início de janeiro.