Márcia Fernanda Gonçalves, geógrafa e ambientalista, professora da UFMA (filha da autora).
É triste e realmente de se lamentar a situação dos ribeirinhos que passam pela tribulação das enchentes.
De fato, isso ocorre de forma cíclica em todos os lugares onde moradias são erguidas às margens de rios e lagos.
Mas é um fato também que o próprio homem cria essa situação para si.
Todos sabem que na estação chuvosa os rios engrossam seu caudal. É o ciclo das águas, que faz parte da dinâmica da Natureza.
Sabem também que nos anos mais rigorosos a pancada de chuva é violenta. No Maranhão, às vezes quase diluviana.
Por tais razões, o leito dos rios não pode ser medido pelo que apresenta na estação seca.
Desta forma, quem constrói nas proximidades das margens durante a estação seca, fatalmente estará sujeito à invasão das águas nos períodos de chuvas copiosas, porque invadiu uma área que pertence ao rio. Simples assim!
O leito é o domicílio natural do rio, mesmo quando não o está ocupando. Tanto quanto ninguém deixa de ser proprietário da sua casa quando está fora dela.
A Natureza exige respeito, mas o ser humano não considera isso. Então, nos períodos de maior intensidade de chuvas, quando se enchem as cabeceiras dos rios, a água desce com violência, também sem consideração pelo que está à frente.
É o ciclo natural das águas. É natureza cobrando o seu tributo, já que, verdadeiramente, foi invadida em sua propriedade.
Eu só desejo que a misericórdia divina venha em socorro da insensatez humana, e que se consiga socorrer aos atribulados sem vítimas e com o mínimo de prejuízo material.