Gracilene Pinto fala da importância dos Diques da Baixada em sua obra Serões na Baixada do Maranhão

Em algumas épocas do ano, a falta de pescado e de carne vermelha era muito grande e as pessoas diziam que a comida estava “vasqueira”, o que significa que a procura estava maior que a oferta e havia carência no mercado.

Aliás, este é um problema histórico e revoltante na Baixada, pois como bem escreveu o Dr. Flávio Braga em seu artigo “Baixada Maranhense – graves problemas, singelas soluções”, “as medidas para melhorar as condições de vida do seu povo são baratas, simples e de fácil resolutividade. Só depende da vontade política dos nossos governantes, no sentido de construção de barragens, açudes e canais que promovam a conservação da água doce em nossos campos… Como se vê, a Baixada tem jeito, visto que as soluções para melhorar a vida do seu povo são viáveis, exequíveis e de baixíssimo custo material. Basta querer…” A Baixada tem problemas com o excesso de água e também com a escassez. E, enquanto não forem tomadas sérias medidas para administrar essa questão o baixadeiro vai continuar lutando contra a natureza, sofrendo e passando fome e sede desnecessariamente.

Ainda bem que como já foi dito anteriormente, na atualidade muita gente tem se preocupado com essa questão, tanto que o objetivo precípuo da criação do Fórum em Defesa da Baixada é exatamente este: discutir e buscar soluções para as dificuldades enfrentadas pelo povo da região, com ênfase para a questão de melhor administrar a preservação da água doce nos campos controlando a invasão da água salgada, problema que pode ser solucionado com a construção dos diques.

Ocorre que, com as chuvas os rios e açudes transbordam e os peixes fogem. O excesso de umidade também prejudica a lavoura causando, por exemplo, a degeneração da mandioca, como dizem na região. Então, a água, que é uma grande dádiva de Deus e significa vida, em excesso também pode ocasionar problemas. No entanto, no abaixamento as águas escoam totalmente pelos sangradouros deixando os campos secos, com raras poças de lama entre as extensões de torrão de barro esturricado e escuro. Então, escasseia o pescado e morre o gado, pelo que os criadores precisam sempre utilizar o regime de transumância, que é a transferência do gado para a região dos lagos, fugindo da seca. Em contrapartida, nas marés de sizígia a água salgada invade os campos da Baixada, destruindo o ecossistema pela salinização da água e do solo. Então, a flora e a fauna dos campos alagados sofrem, e morrem peixes e plantas. Recentemente até um filhote de tubarão foi encontrado no lago de Viana.

Em suma, tudo na vida necessita ser dosado. Daí a ansiedade pela construção dos já famosos Diques da Baixada, que, uma vez construídos, permitirão a conservação da água doce nos campos, ao mesmo tempo que impedirão a invasão da água salgada.”

Autora: Gracilene Pinto. Trecho do Livro Serões na Baixada do Maranhão, do Selo Editorial FDBM, nas folhas 62/63.

Vejam os objetivos dos Diques da Baixada, de acordo com apresentação da CODEVASF:

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