ESPIANDO A CIDADE DA JANELA DOS MIRANTES NAS NOITES DE LUA CHEIA

Autor Expedito Moraes

Sou apaixonado pela LUA CHEIA. Não tanto quanto Catulo da Paixão Cearense. Como não sou músico e violeiro, escrevi isto em 2014, numa dessas noites quando ela banhava esta cidade de luz prateada.

Dizem que do alto desses prédios coloniais, das janelas dos mirantes, surgem em noites de lua cheia personagens que se debruçam sobre os telhados e se deleitam com o luar, com o silêncio da noite e a brisa morna que sibila pelas esquinas da cidade. Juram os que dizem, que nessas noites, ouvem soluços, lamentos e prantos tão intensos que escorrem pelos telhados dos casarios.

Os que dizem suspeitam serem aquelas mesmas madames que, outrora, por não poderem acompanhar seus filhos partirem para Portugal até o porto por ser um ambiente impróprio para mulheres, subiam ao Mirante e das janelas balançavam seus lenços brancos como despedida e com eles enxugavam suas lágrimas dolorosas de saudade.

Outros que veem e ouvem os gemidos destas almas afirmam que estas, apenas continuam a lamentar e indignarem-se por verem tudo que construíram com tanto esforço e dificuldade, caindo, abandonado e desvalorizado. Choram e lamentam ao perceberem que a cidade que criaram com tanto zelo, viveram e deixaram como herança o maior acervo arquitetônico colonial da América do sul e os ingratos herdeiros não souberam valorizar.
Dezembro de 2014

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