CENAS DO COTIDIANO III
O carnaval toma conta da cidade. E, como bem diz o poeta, “a cidade pega fogo!” No caldeirão fervente, alegria é a palavra chave. Somem “as dificulidades”, “como em um passe de mágica”. Afinal, não há bêbedo pobre! Bêbedo é riqueza! E bêbedo “faz coisa de até Deus duvidar”. Sozinho, faz até um carnaval! Ôxi!
Tudo é permitido. É hora de “vaca não conhecer bezerro”. Pena, que a “ressaca moral” já se constitua só em um termo arcaico. E a ressaca alcoólica não tem “um tempinho” de se manifestar; “o lava prato”, tal um tsunami, vem arrastando “até pensamento de doido”. E se “de doido todo mundo tem um pouco” … o carnaval está inocente.
Só lamento pelos meus ouvidos, que são invadidos, até rimou, por uma bagunça musical “dos infernos!” Esse plural é fantástico. Não sei quem foi lá, mas viu mais de um. Assim, “é difíci de nóis escapá”. Mas, é carnaval, e as ruas se transformam em banheiro. Até a “lei seca” tira férias. E os “sãos” se revelam; tão reprimidos estavam, presos em suas frustrações.
Os inconsequentes são a maior praga carnavalesca. Se “atolam” na barbárie. Podem tudo. Maisena, loló, cerveja quente … O comportamento é deplorável. Esquecem toda e qualquer gentileza.O
Os artistas da nossa terra “sobraram”. E, “por ironia do destino”, recebo a notícia de que os hotéis estão cheios. Muitos turistas vêm “pular” o carnaval do Maranhão. Mas, “fakearam” o carnaval. Até despediram o “Zé Pereira”. “O portuga!” Os incautos turistas “estão é levando gato por lebre”. O que é bem feito, né?! Maranhão não é terra de lebre! É terra, sim, de legitimar o abandono dos gatos. Fez-se até a praça.
Preguiçosamente felina. E, “ântis qui m’isqueça”, o Maranhão “é, de verdade, é” terra de palmeiras. E, “pra não perder o mote”, as palmeiras, e fechar com “uma pitada de humor”, até lembrei longe. Lá, no Zé Maria do Amaral. “Né, qui” um aluno, “um tantinho” gaiato, parodiou, tão bem, “o outro Gonçalves”. O Dias. E, por muito pouco, não causou o infarto do mestre geógrafo, o meu grande amigo – , que lhe pediu para dissertar sobre a grande riqueza deste estado. Então, “não se fez de rogado”. E, “curto e grosso, mandou certeiro”: “Aqui, no Maranhão, babaçu abunda!”
“Que doidiça de petulança!” Foi o melhor zero que já vi!
Só mesmo o carnaval para me trazer esse adormecido episódio!
Eita, carnaval “pilantra”!
Zé Carlos Gonçalves em fevereiro de 2023.