VIAGENS PELA BAIXADA

VIAGENS PELA BAIXADA

Por Gracilene Pinto

Eu tinha apenas cinco anos. Mas, lembro-me, como se fosse hoje, da viagem que fizemos de São Vicente Ferrer para Penalva, eu, minha mãe, minha tia Maritilde e meus primos José e Sonia.

Os campos estavam cheios, por isso precisamos recorrer ao transporte fluvial. E a melhor opção era via São João Batista.

Em São João, ficamos aguardando a embarcação na casa do chefe político local, Chiquitinho Figueiredo, cuja esposa, Dona Concita, era prima da minha mãe, onde fomos recebidos com muito carinho.

Tia Concita serviu uma merenda, e queria a todo custo que esperássemos pelo almoço, que seria fígado bovino ao molho acebolado. Nesse dia, haviam matado um boi. Curiosa, que sempre fui desde pequena, enquanto as primas trocavam novidades, enveredei pelo quintal, onde descobri uma casa de forno que farinhava. Homens e mulheres ralavam mandioca, espremiam o tucupi e mexiam a massa d’agua no forno, enquanto tagarelavam, cantavam e riam.
Alí, pela primeira vez, pude ter uma ligeira noção de quanto esforço humano é desprendido para se fabricar um único quilo de farinha de mandioca.

Mas, logo mamãe veio à minha procura, porque a canoa chegara e urgia seguirmos viagem a fim de aproveitar a claridade do dia. Por isso, não esperamos pelo almoço, como tia que Concita queria.

Ela, porém, carinhosamente, preparou um “balaio” para levarmos na viagem: uma lata grande, dessas de Neston, com farinha d’agua até o meio e fígado acebolado com molho jogado sobre a farinha. À parte, uma penca grande de bananas maçãs. E, entre muitos abraços e beijos, nos despedimos dos parentes.

Corria o mês de março, e choveu o tempo todo. As roupas, embaladas em sacos, ficaram úmidas. E, foi muito desagradável dormir à noite naquela rede fria, enquanto uma chuvinha fina, mas constante, fustigava a coberta de palha de babaçu.

Pernoitamos em uma casa de jirau em uma enseada. O pessoal ofereceu-nos café e milho cozido, mas o milho já estava muito duro. Mesmo assim, não larguei a minha espiga até adormecer. Despertei com minha mãe me fazendo levantar para sacudir da rede os grãos de milho que eu ali deixara cair. Nesse momento, ouvi um homem, que dormira mais cedo que os demais, roncando e soprando. Creio que lhe faltavam os dentes frontais. Então, um outro gritou: Já pode beber, fulano! O mingau já tá frio.
Todos riram.

Ainda era madrugada quando seguimos rumo à Viana, após tomar café com farinha d’agua. Pelas dezessete horas chegamos à casa do canoeiro em uma das enseadas do lago Maracu. A esposa dele preparou um café para a merenda, enquanto esperávamos o feijão cozinhar. Comi um belo de um pandu. Mais tarde, feijão com pedaços de carne de porco salpresa e arroz. Depois, aninhada no aconchego das costelas de mamãe, dormi o sono despreocupado das crianças pequenas.

Ao alvorecer já deixamos para trás a bela Viana à caminho de Penalva, onde desembarcamos por volta das quinze horas, depois de uma viagem inesquecível, onde aguapés, vitórias-régias e outros espécimes vegetais era o plano de fundo de uma fauna, tão bela quanto diversificada, composta de jaçanãs, japiassocas, marrecas, urubu-jereba, e até jacarés, a compor, juntamente com o céu azul de carneirinhos brancos, uma aquarela divinal no espelho das águas.

Parteira Dadá de São João Batista completa 99 anos de idade

Parteira Dadá de São João Batista completa 99 anos de idade

EUGÊNIA MENDES CÂMARA, carinhosamente chamada Dadá. Nasceu no dia 13 de novembro de 1922, no povoado Enseada dos Bezerros, São João Batista-MA.

Filha de Raimunda Nonata Mendes e pai desconhecido, situação comum naquela época em que as mães solteiras não tinham os filhos reconhecidos pelos pais, pois não existiam leis que os obrigasse reconhecê-los.

A segunda dos sete filhos de Raimunda, relacionados a seguir: Maria de Lourdes (Lulu), Eugênia (Dadá), Levi, Belízia (Belinha), Julião, Miriam e José Manoel.

Dadá passou parte da sua infância, no povoado onde nasceu, com sua mãe e sua avó Cândida que era o referencial familiar dos netos.

Sua origem humilde não foi obstáculo para tentativas de uma vida melhor. Queria estudar, mas não era possível porque não havia escolas naquele lugar e, estudar era privilégio dos himens, uma vez que, as mulheres eram educadas para ser donas de casa. Deveriam aprender a cuidar dos filhos e do marido.

Aos 7 anos, veio para São Luís onde morou com sua tia e madrinha Ângela Araújo, no bairro Sítio do Meio, sendo matriculada na Escola Modelo Benedito Leite, cursando até a 3ª série do antigo ensino primário, porém, seu currículo foi preenchido por si própria: um vasto conhecimento do mundo, sua universidade foi a própria vida.

Aos 21 anos conheceu o jovem João Câmara no bairro Diamante, avistando-o normalmente. No entanto, aquele jovem vindo de São Vicente Férrer para prestar contas com o Serviço Militar, procurou se informar sobre o endereço daquela senhorita para enviar-lhe uma Carta, pedindo-a em namoro. A carta foi recebida pelo tio Matias Araújo que ao lê-la buscou informação sobre o autor da mesma e, depois de algumas formalidades familiares, autorizou o namoro, pois o seu futuro marido era um homem de tradicional família de São Vicente Férrer, a família Marques Câmara, vinda da Ilha da Madeira – Portugal, a qual teve um ancestral que, por determinação da Coroa portuguesa fixou-se no município de Peri-Mirim-MA.

Após um ano de namoro, Dadá casou-se com João Câmara e desse casamento nasceram dez filhos: Carlos Alberto, Sônia, Edna, Dalva, João, Flor de Maria, Apolinária, Jomar, Anilde e Váldina.

Supermãe! Além de seus dez filhos, adotou e criou outras crianças, educando-as sem fazer distinção entre os seus filhos biológicos.

Sempre preocupada com a educação dos filhos, foi capaz de desempenhar com muita sabedoria os papéis de mãe, professora e, às vezes, psicóloga, tendo como base os princípios da ética e da honestidade: valores imprescindíveis para a boa formação do ser humano.

Em 1956, mudou-se, com toda a família, para São Vicente Férrer, lugar onde seu esposo nasceu, permanecendo lá por quatro anos.

No início de 1960, a fim de que seus filhos pudessem estudar, resolveu fixar residência em São João Batista. Logo que chegou no município, a primeira providência a ser tomada foi sair em busca de escolas para matricular seus filhos, porém, conseguiu organizar, em sua própria casa, uma escolinha com duas salas de aula multisseriado, contando com a ajuda de um representante político, partido PTB, o Sr. Procópio Meireles, que remunerava duas professoras alfabetizadoras: Violeta Meireles e Maria Souza Coelho. A escola foi denominada de Escola Trabalhista Brasileira.

Em São João Batista desenvolveu várias atividades, tais como: professora alfabetizadora, costureira e parteira, mas a sua maior dedicação, durante vinte anos (1960-1980), foi o trabalho de parteira. Este trabalho tornou-se tão intenso que era necessário sair de casa às altas horas da noite, transportada em canoas ou a cavalos, meios de transportes da época, para prestar atendimento a mulheres em povoados distantes.

Prestava também atendimento, em sua própria residência, às gestantes que iam verificar a posição do bebê, bem como, receber orientações acerca da gravidez e do parto.

A fim de uma melhor qualificação para o trabalho, Dadá fez um estágio na maternidade Benedito Leite, em São Luís, no final dos anos 60.

Conquistou, em São João Batista, a amizade da população e das autoridades locais, nutrindo com todos um bom relacionamento.

Mulher religiosa e movida pela fé, construiu com a ajuda de três amigas, uma igreja católica – Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Paulo VI, existente ainda hoje.

Seu retorno a São Luís, concretizou-se em 1980, residindo no Conjunto Vinhais até os dias atuais, sendo visitada diariamente por pessoas amigas e conterrâneos.

Aos 99 anos, ainda lúcida e com tanta experiência de vida, é capaz de orientar seus filhos, netos e bisnetos. Faz tudo o que é possível para manter a família sempre unida, comemorando aniversários e outras datas festivas com almoços e jantares.

Com grande satisfação repete em suas conversas diárias: … tenho dez filhos, vinte netos e dezesseis bisnetos! …

Mulher extrovertida, de temperamento assumidamente forte, determinada, mas generosa. Sente-se feliz e abençoada por Deus porque criou seus filhos, orientando-os a fim de que alçassem seus próprios voos. Uma sensação de dever cumprido!

Sua imagem engrandece seus familiares, seu exemplo de vida dignifica seus filhos, dignificará, também, suas futuras gerações!

Biografia de autoria de sua filha Apolinária Câmara.

MENSAGEM GRACILENE PINTO AOS SEUS CONFRADES E CONFREIRAS DA ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS

MENSAGEM GRACILENE PINTO AOS SEUS CONFRADES E CONFREIRAS DA ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS

Por Gracilene Pinto

Somente hoje (31/10/2021), passados já dois dias do ato de criação da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais, venho manifestar-me para me congratular com os prezados confrades e confreiras.

Aproveitando o ensejo, esclareço que meu silêncio não significa ausência ou desinteresse, pois, apesar das múltiplas tarefas e assuntos, de ordem particular, que requisitaram minha atenção nestes dias, estive muito bem representada em nosso evento pelo nobre colega, Dr. Eulálio Figueiredo, e, dentro do possível, acompanhei amiúde os acontecimentos torcendo e aplaudindo todo o feito.

Além disso, acredito que somente agora, serenados os ânimos, poderemos refletir sobre o verdadeiro sentido do memorável acontecimento e a responsabilidade desse ato advinda, e por nós assumida, ante a cultura de São João Batista. Responsabilidade esta, que não se limita a promover belos eventos nem outorgar títulos. Mas, a responsabilidade de transmitir um legado que auxilie na preservação e no engrandecimento da nossa cultura, ratificando aos pósteros a importância da valorização histórica e cultural do nosso povo e da nossa terra. Porque o que imortaliza o homem são suas obras, não os títulos.

A palavra academia provém do grego Akadémia, bosque de oliveiras e platános próximo à Atenas, frequentado pelo herói Academus, onde, no ano 387a.C., fundou Platão uma escola livre com a finalidade de ensinar filosofia à adultos letrados. Uma espécie de pós-graduação. Tal conceito, se disseminou pela região, vigorando por cerca de novecentos anos.

Posteriormente, em Florença, berço italiano de cultura, capital da Toscana e paridouro de grandes nomes da História, tais como, Durante Alighiére (mais conhecido como Dante), Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Nicolau Maquiavel, Donatello, Botticelli, Boccaccio, Brunelleschi, e tantos outros, no ano de 1440 foi fundada a Accademia Platônica.

Em nossos tempos, o termo se tornou mais popular e menos erudito, sendo usado cotidianamente para denominar lugares onde se desenvolvem práticas desportivas. Como as academias de ginástica, por exemplo.

Mas, para mim, a verdadeira acepção da palavra continua sendo a platônica, qual seja, uma organização de teor literário, científico ou artístico, como a escola filosófica de Platão.

Nessa linha, a criação de uma Academia é, portanto, um grande feito. E ninguém realiza grandes feitos se não tiver a ousadia de sonhar com coisas grandiosas. Daí, dizer-se que o sonho é o desejo da alma, porque é a partir dele que nascem as grandes realizações. Um sonho, nada mais é, do que a vontade incontrolável de realizar alguma coisa que desejamos com paixão. E, os grandes feitos se tornam realidade muito mais facilmente quando sonhados em conjunto, comungados por muitos. Pois, quando um grupo se une em prol de um mesmo ideal, a energia motriz do projeto se vê multiplicada. Isso é científico. É radiônica pura.

Eu sempre acreditei que títulos não importam. Importam as pessoas. Importa a firmeza de caráter e a dignidade com que elas encaram a vida, e o amor e a dedicação que colocam naquilo que fazem.

Não somos muitos nesta agremiação, se comparados à população do Brasil ou mesmo à de São João Batista. Mas, se mantivermos ao longo do caminho a capacidade de coesão, a força e a resiliência deste primeiro momento, que é apenas a etapa inicial da concretização do sonho, o sucesso virá como meritório prêmio. Porque o sucesso de um projeto subsiste, principalmente, no ideal comum e na capacidade de resistir ao tempo e às intempéries. O sucesso será certo se nos permitirmos alimentar o sonho de deixar aos pósteros um legado que eternize a nossa história e não deixe morrer a singular cultura que faz parte de nós, porque está em nossa própria essência.

A realização deste ideal deve-se à pessoas, como o atual, e merecidamente, Presidente desta nobre instituição cultural, Marcondes Serra Ribeiro; como Manoel Barros, Batista Azevedo, Eulálio Figueiredo (que representou a mim e a Dra. Elymar Figueiredo, impossibilitadas de comparecer ao evento de criação); Luiz Figueiredo e Raimundo Cutrim; Ana Márcia Araújo e Edinete Alves; Ana Creusa Martins, que, representando o Fórum da Baixada, tanto apoiou e estimulou a realização deste sonho antigo; e a todos os demais participantes, pois, com determinação, coragem, espírito de liderança e resiliência, seguiram em frente, tudo fazendo para que as coisas ocorressem de maneira satisfatória e com o garbo que o projeto merece.

Parabenizo a todos os confrades e confreiras desta nossa recém-nascida Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais, com especial destaque para Marcondes Serra Ribeiro, que, como todos sabem, deu o sangue para que o evento tivesse a grandeza necessária e se perpetuasse no coração de todos. E, aproveito a ocasião para agradecer à minha filha, Márcia Fernanda Gonçalves, à minha amiga Dilercy Adler e a Eulálio Figueiredo, pelo estímulo para que me decidisse a fazer parte desta digníssima agremiação. Tendo o último, me concedido a subida honra de representar-me, por procuração, no evento do dia 29/10/2021.

Dias atrás, falei ao Marcondes sobre a ideia de iniciarmos, desde já, os fundamentos de uma biblioteca em nossa academia. Ele, como sempre receptivo às boas sugestões, respondeu de imediato: estamos juntos! E, de pronto, foi criada uma estante com obras dos novos acadêmicos para abrilhantar o evento de criação. Minha nova sugestão é que se busque, junto a Secretaria Municipal de Educação, a implantação de um projeto que inclua no cronograma escolar municipal as obras dos escritores conterrâneos, na qualidade de paradidáticos.

Porém, necessário se faz lembrar, que não só de momentos festivos é feita a nossa estrada. Agora é hora de cada membro assumir a responsabilidade do seu posto, enquanto representante da cultura joanina, e desenvolver um trabalho, com o olhar voltado para o futuro porém sem esquecer o passado, visando sempre a preservação da nossa identidade e do nosso patrimônio cultural, de modo a deixar um legado que sirva de exemplo às novas gerações.

Existem lutas sem causa. Mas, não há vitória sem razão. Todos somos movidos pelos nossos sonhos, pela nossa paixão, por aquilo à que aspira a nossa alma. Essa é a mais forte razão para a peleja. Porque, se tivermos um ideal, o sonho nos dará asas. E então, poderemos até perder algumas batalhas, mas, ao final, venceremos a guerra e hastearemos o nosso pavilhão no pico mais alto, cantando o hino da vitória.

Talento, boa vontade e inspiração, esta, sempre renovada ante a beleza natural com que Deus agraciou este torrão, nunca faltaram aos filhos desta terra. Por isso, considero que todos os que se habilitaram a fazer parte desta Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais são pessoas capacitadas e comprometidas a desenvolver sua missão de modo a engrandecer o Município de São João Batista e a herança cultural deixada por nossos avós, honrando, deste modo, sua memória. Sendo assim, temos em nossas mãos tudo que se faz necessário para realizar a contento esta missão, que, de acordo com o ideal filosófico de Platão, deve ser sempre a busca do conhecimento.

Confiança em Deus, fé na vida e pé na tábua!
Foi dada a largada!
Que o Senhor nos abençoe a todos!

DISCURSO FEITO POR OCASIÃO DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA JOANINA

DISCURSO FEITO POR OCASIÃO DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA JOANINA

Por Eulálio Figueiredo*

Bom dia confrade e confreiras.

Transcrevo abaixo o breve discurso que fiz por ocasião da fundação da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais de nossa terra São João Batista. Foi um momento de muita responsabilidade e cautela, haja vista o nível cultural dos presentes e a gentileza dos que me distinguiram para essa missão. Obrigado a todos. Segue o texto do discurso verbal abaixo:
DISCURSO FEITO POR OCASIÃO DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS DA MINHA QUERIDA TERRA SAO JOÃO BATISTA.

Após saudar as autoridades, confrades, confreiras e os cidadãos presentes.

Esto brevis, et placebis.

Nesta bela manhã de glória, de regozijo, de júbilo e de incontrolável alegria, sob o afago do sol que brilha em todo seu esplendor, está sendo lançada a pedra filosofal, sobre a qual se edificará a Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais, maior casa de cultura da nossa querida terra mãe São João Batista, que nossos hermanos castelhanos chamam de La Pacha Mama.

Estamos no mês de outubro, considerado no calendário anual como o mês das missões. Nada mais justo que nossa academia obtenha sua certidão de nascimento exatamente nesta áurea missionária, em que os idealizadores desse projeto de mãos dadas com os membros fundadores e efetivos, hoje aqui comparecem para prestarem contas da missão cumprida, sob as bênçãos de Deus e de Nossa Senhora.

O que nos conforta neste momento é saber que todos nós estamos irmanados em busca de um mesmo objetivo, qual seja a criação de uma casa que pretende congregar homens e mulheres imbuídos do propósito de disseminar letras, ciência e saberes culturais na terra onde nasceram e onde, por alguma razão, fixaram raízes que se transformaram em árvores frutíferas e sombreiras.

A academia que hoje vem à luz, sob o comando de tão ilustres e eméritos confrades e confreiras, que se unem num afetuoso amplexo, será a flâmula que hastearemos bem alto no pavilhão de nossa terra para o sopro incontido dos ventos joaninos e orgulho de nossos conterrâneos.

Será também a insígnia que nosso intrépido peito, impulsionado por corações que pulsam sem parar, palpitantes de alegria e de emoções, ostentará doravante, semelhante ao vestíbulo ou portal que conduz ao páramo cerúleo onde habitam os deuses do olimpo.
Sim. Estamos todos contagiados neste momento de júbilo, porque o nascimento desta casa de cultura é uma marco histórico para nossa cidade que um dia, pelos mares de Cabral, nos conduziu à capital do estado e foi a porta de entrada para a região da baixada maranhense através do porto da Raposa.

Junto com a Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais também nasceu, hoje, embora de forma embrionária, a biblioteca dessa entidade, a partir da estante de livros (expostos na antessala deste prédio) já publicados pelos membros fundadores e definitivos que criaram essa confraria de notáveis escoliastas.

Os que hoje compareceram para esta solenidade, em solo joanino, serão testemunhas oculares da concretização desse grande projeto idealizado pelos confrades e confreiras da academia nascitura, que tem como patrono o jurista e professor Fran Figueiredo, um dos seus filhos mais ilustres, pelo exemplo de vida e por tudo que representou para sua geração e para o povo de nossa cidade.

Meu desejo ab imo pectore é que a novel academia não seja apenas uma casa de encontros de boêmios inveterados, de intelectuais descompromissados com as artes ou de nefelibatas sonhadores, mas um panteão literário, onde sejam preservados os costumes, os hábitos, a cultura e toda a tradição de nosso povo, contada pela memória e criatividade de nossos confrades e confreiras para conhecimento da posteridade in saecula saeculorum.

Muito obrigado.
José Eulálio Figueiredo de Almeida.

Criação da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais

Criação da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais

Por Marcondes Serra Ribeiro*

Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”. Johann Goethe

Felizmente, no tempo determinado por Deus, nós nos identificamos como acalentadores de um mesmo sonho, e ousamos torna-lo realidade, conscientes de sua grandiosidade e bem convictos de que unidos somos mais fortes – pois um sonho sonhado coletivamente tem muito mais chances de concretizar-se!

Assim, persistentes e corajosos, começamos a planejar e executar favorável e ansiosamente em prol da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais – a Casa dos Expoentes Joaninos, que dá mais significado e razão à nossa vida, à nossa orgulhosa naturalidade, e vem chegando com o propósito de empreender naquilo que nos move individualmente e trará benefícios engrandecedores a nosso torrão natal, nos segmentos de sua estrutura – componentes significativos de nosso processo cultural.

Dia 29 próximo, um evento inédito e esperançosamente promissor marcará os anais da história de São João Batista, a criação da Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais. Que seja muito BEM-VINDA!

Marcondes Serra Ribeiro é natural de São João Batista, Graduação Superior em Língua Portuguesa e Literaturas na instituição de ensino CESB, Trabalhou como Professor de Língua Portuguesa na empresa Área de educação, Trabalhou como Management na empresa Ministério da Saúde.

O VELHO PORTO DA RAPOSA

O VELHO PORTO DA RAPOSA

Por João Batista Duarte Azevedo*

Não sei ao certo quando surgiu o Porto da Raposa. Quando me entendi, ele já existia. Mas só vim conhecê-lo de fato quando vim para a cidade pela primeira vez. Tinha que se passar por ali. Era lá o embarque nas lanchas que nos traziam até a capital.

Encravado às margens de extenso Igarapé que rasga continente adentro, o antigo Porto da Raposa ficava no povoado campestre de mesmo nome, a poucos quilômetros do Golfão Maranhense (Baia de São Marcos) e do estuário do Rio Mearim. De um lado uma extensa cortina verde formada por manguezais, de outro, mais para dentro do continente, extensas áreas de campos e tesos.

Ao longo de muitas décadas foi a única porta de entrada e saída de muitos municípios da baixada, especialmente São João Batista, São Vicente Férrer, Matinha, entre outros. Estamos falando de mais de meio século. Naquele tempo não havia estradas que ligassem estes municípios à Capital do Estado. O porto cumpria assim então a sua primordial finalidade. Era ponto de escoamento de mercadorias que iam e vinham e de embarque de passageiros que se destinavam rumo a São Luís e vice-versa.

Ainda lembro vagamente de algumas particularidades daquele lugar. Eram dois os principais atracadouros, exatamente para duas lanchas que costumavam fazer o transporte de cargas e passageiros. Eram dois pares de extensas passarelas, construídas de achas e mourões de mangue que nos levavam até ou a parte baixa, ou à parte alta da lancha, o convés, onde ficava o timoneiro, ou mestre, e onde ficavam os passageiros.

Nas lanchas, percebia-se um hiato de classes plenamente justificável. Na parte de baixo, costumavam viajar aqueles que transportavam cargas além de suas bagagens pessoais. Um odor forte de óleo e amônia exalava em meio ao cheiro de café e cozidão que costumava vir das bandas da cozinha. Já na parte alta, o segundo andar, vinham os mais destemidos, os que não tinham muito medo dos constantes balanços no alto mar e não costumavam expelir involuntariamente suas comidas boca a fora.

Às vezes três ou mais lanchas ancoravam por ali. Todas bem nomeadas. Maria do Rosário. Santa Teresa, esta, pequenina e valente, boa de navegação. A Proteção de São José, que sucumbiu na maior tragédia náutica ocorrida naquela travessia. A Ribamar. A Fátima. A Nova Estrela e a Imperatriz foram as últimas dos tempos auge do transporte marítimo. Nestas últimas fiz a maioria das minhas viagens.

A Raposa era um lugar como muitos outros numa área de campo. As casas de jirau, mostravam que ali em épocas de inverno costumava ser úmido e encharcado. Eram habitações de madeiras, desde o assoalho até as paredes. As cobertas, algumas eram de telhas de barro, outras de pindobas. Naqueles tempos de plena atividade do velho porto, Raposa devia ter cerca de cinquenta casas. A maioria eram de pessoas que viviam em função do porto. Pequenos comerciantes, estivadores, donos de pequenas embarcações e até mesmo ambulantes que viviam da compra e venda de mercadorias e produtos. Eram todos hospitaleiros. Lembro de Seu Dominguinhos, sempre cortês, atencioso, mas, dizem os que mais o conheciam, de uma astúcia e malícia sem precedentes.

Entre as muitas peripécias atribuídas a Seu Dominguinhos está a de ter dado um pernoite ao Padre Dante que certa vez se deparou numa noite escura e não quisera voltar pra sede. Fora aconselhado a ficar por ali. Após acomodar o Padre em uma rede, contam que Seu Dominguinhos acendeu uma fogueira de pau de siriba, uma espécie de mangue que ao queimar expele uma fumaça ardente aos olhos de qualquer cristão, ainda mais a quem não era acostumado, como o sacerdote italiano. Contam que o Padre passou a noite em claro, rezando para que logo amanhecesse, enquanto Dominguinhos se contorcia de risos. Ao amanhecer os olhos do reverendo pareciam duas bolas de sangue.

As principais casas de comércio e pequenos restaurantes estavam ali em redor do armazém. Um velho prédio de alvenaria que servia como uma espécie de alfândega. Era lá que trabalhavam os fiscais da receita estadual. Ali eram expedidas e pagas as guias de impostos sobre o que era embarcado, fossem cofos de farinha, cofos de banana, cofos de criações, pequenos e grandes animais. Quase nada passava sem as vistas dos coletores de impostos. Nos dias de embarque e desembarque era bastante intenso o movimento de pessoas por ali. Fossem os que viajavam, os que ali trabalhavam, e os que apenas buscavam estar no meio do vai e vem das pessoas. Não faltavam também os donos de bancas de jogo de caipira. Mas era uma alegria só. O povoado era tão movimentado que ganhou até um gerador de luz para garantir a permanência das pessoas que por ali transitavam e trabalhavam até o zarpar das lanchas.

Nos dias que não se tinha esse movimento proporcionado pelas lanchas, o povoado de Raposa mantinha um quotidiano normal. Moradores em suas tarefas diárias preparavam-se para o dia seguinte. O incremento maior do porto fora sem dúvida quando da construção da “barragem da Raposa”. Esta grandiosa obra – tanto pela extensão como na forma de como fora construída, realizada pelo então prefeito Luiz Figueiredo – permitiu um tráfego maior de veículos por mais tempo ao longo do ano.

A partir da abertura da Estrada da Beta, nome que fora dado inicialmente pela população para o ramal São João Batista – Bom Viver, que ligou a sede do município à MA -014, começaram ainda que com muitas dificuldades por conta das condições da estrada, os transportes de cargas e passageiros por via terrestre, fato este que atingiu frontalmente o cerne da economia gerada no Porto de Raposa por conta do transporte marítimo. Os primeiros ônibus a fazerem linha para São João Batista e até mesmo para outros municípios da Baixada foram os da Expresso Florêncio, que inúmeras vezes não completavam o trajeto da viagem.

Hoje, com poucas casas e sem aquele fervilhar de pessoas que faziam dali um marco da economia do município, o Porto da Raposa precisa se redescobrir com um outro propósito já que a rodovia nos leva até a capital São Luís, ou a terras além do estado.

Sempre defendi que o antigo e outrora próspero Porto da Raposa deveria absorver em tempos atuais outras finalidades. Ao que parece, por obra e graça do tempo e pela resistência de alguns poucos moradores que ali ainda residem, esta é uma realidade próxima das novas gerações. Por conta de sua aprazibilidade e beleza natural, o velho Porto de Raposa poderá ressurgir como um ponto de lazer rústico. Para tanto falta-lhe estrutura e muito precisar ser feito.

Com a palavra os homens dos poderes!

João Batista Duarte Azevedo* é natural de São João Batista (MA), graduado em Letras pela UFMA, professor e editor do blog “São João Batista On-Line”, coautor do livro Ecos da Baixada, postulante a uma cadeira na Academia de São João Batista.

Academia Joanina, um marco na História do município

Academia Joanina, um marco na História do município

Por Marcondes Serra Ribeiro*

Confesso que me encontro deveras ansioso pela chegada do dia 29, quando será criada nossa Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais. É um sonho que se vai transformando em realidade, sonhado juntamente com outros sonhadores (desculpem-me a tautologia premente) – aquele desejo que se firmou permanentemente em cada um de nós, vivo e constante. Um sonho coletivo, e por isso mesmo bem mais forte, que nos une e motiva-nos para seguir em frente, otimistas, esperançosamente alegres, carregando uma certeza de que estamos construindo um marco em nossas vidas, na história de São João Batista!

Estamos bem otimistas, tentando disciplinar a empolgação, vislumbrando tudo pelo lado bom, concebendo a academia como um lugar de convivência real, amigável e elegantemente pacífica. Um ambiente ameno, onde nos dedicaremos esforçadamente ao usufruto daquilo que nos beneficiará e engrandecerá nossa alma, em forma de projetos contemplativos do crescimento de nossa terra, nas áreas afinadas com os propósitos institucionais – culturais e artísticos – que sejam dignos construtores, mantenedores, resgatadores da memória joanina. Somos conscientes que nossos propósitos não diferem das outras academias, quanto ao aspecto teórico, mas certamente que nosso ânimo fará a diferença no aspecto atitudinal , pois, graças a Deus, compomos um grupo com grandes expoentes, reunidos provavelmente pela saudade dos tempos de mais dedicação, gentileza e delicado amor ao próximo, apego à nossa eclética cultura, com o especial ufanismo que sempre caracterizou a ligação dos bons joaninos à sua querida terra – um sentimento que se mostra em semblante alegre e sincero, funda-se em argumentos extremamente firmes, expressa-se em termos de claro entendimento, pois provém da decisão vocacional em dar mais significância a nossas vidas, transforma-nos em plantadores das sementes dos sonhos mais prósperas , em solo abençoadamente fértil.

Não nos foge a certeza de que precisaremos ser fortes e corajosos para os embates contra as adversidades. Aqueles que se dedicam às artes, à cultura, tantas vezes são confundidos como articuladores apenas de projeção pessoal, mas isto, para nós, é mera consequência daquilo que é bem feito e torna-se agradavelmente digno de sucesso, por isso é que somos dedicados detalhistas, caprichosos artesãos de cada obra. Sabemos que remaremos contra a maré, enfrentaremos desafios terríveis e de toda ordem, mas bem determinados e decididos, seguiremos em frente, como temos seguido até aqui.

Não apenas homenagearemos, reconheceremos nossos valores, nossos expoentes artísticos, profissionais das mais variadas performances, mas também nos lançaremos às pesquisas que nos possibilitem o resgate de uma legião de esquecidos do passado e também do presente, pois muitos valores joaninos estão por aí, espalhados por esse imenso Brasil, desconhecidos de nossa gente, mas expressivos cidadãos de outras plagas, – personagens encantados pelo fenômeno da alma artística, pela dedicação e responsabilidade profissional concedente de grandes conquistas. Sentimo-nos, portanto, com a distinta obrigação de coloca-los em evidência, trazê-los zelosamente ao conhecimento e reconhecimento e proximidade de nossa gente, laureá-los condignamente!

Não poderia deixar de exaltar o especial apreço pela Língua Portuguesa, uma das inspiradoras razões que principiaram e justificam a existência da academia. Muitos de nós são poetas, escritores que se esmeram no trato com as palavras e deliciam-nos com obras requintadamente maviosas. A última flor do lácio inculta e bela, como referenciou Olavo Bilac, é o universo no qual esses confrades e confreiras movem a inspiração e pela qual se integram à comunidade lusófona, constituída de milhões de pessoas espalhadas pelos diferentes continentes, comunicando-se em português , cada povo a seu modo. Vale-nos lembrar o magistral Fernando Pessoa e seu dito: “a minha pátria é a língua portuguesa” e nós estaremos certamente muito inspirados por ele e assim cultuaremos a literatura e os livros e as produções literárias entre nossos conterrâneos.

Amigos, nossa academia está sendo criada com o orgulhoso referencial “a casa de Fran Figueiredo”. Ele foi escolhido para ser patrono da instituição, mas será também a casa de todos os demais patronos, a casa de todos os acadêmicos, mas, acima de tudo será uma realização que orgulhará nossa terra, firmar-se-á como o ambiente do diálogo entre a tradição e a contemporaneidade que esperançosamente dará bons resultados!

Marcondes Serra Ribeiro é natural de São João Batista, Graduação Superior em Língua Portuguesa e Literaturas na instituição de ensino CESB, Trabalhou como Professor de Língua Portuguesa na empresa Área de educação, Trabalhou como Management na empresa Ministério da Saúde.

Academia Joanina, a um passo da fundação

Academia Joanina, a um passo da fundação

Por Marcondes Serra Ribeiro*

Caminhamos, promissora e entusiasticamente, “no tempo de Deus”, para a criação oficial de nossa ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS, no próximo dia 29 de outubro, pela manhã, no Centro de Convenções da cidade Já temos, graças a Deus, a promessa de nossa sede própria – honroso comprometimento do Adm. Luiz Figueiredo, que também é confrade, além de filho, irmão, primo de importantes personagens ligados meritoriamente à ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS.

Muito significativo, prazeroso e bem oportuno o orgulhoso entusiasmo e confiável compromisso de nosso Prefeito Municipal, Emerson Soares Pinto e da Primeira Dama, Hildene Pinto, que se comprometeram em ajudar-nos em tudo quanto for possível , tendo inclusive o Sr. Prefeito prometido um espaço primoroso para instalação inicial da Academia. Nossa gratidão, em nome de todos que compõem a instituição, que vem chegando para assegurar responsavelmente o resgate e engrandecimento dos segmentos inseridos em sua abrangência!

PATRONOS JÁ ESCOLHIDOS (após o patrono da academia, os demais seguem por ordem alfabética):
Por unanimidade, escolhemos o advogado, escritor, brilhante orador e expoente intelectivo Fran Costa Figueiredo para Patrono da Academia – escolha que muito nos honra e indubitavelmente dignifica a instituição!

Fran Costa Figueiredo, Acrísio Figueiredo, Alfredo Firmino Serra, Antônio dos Santos Jacintho, Antônio Penha Duarte, Arthur da Serra Freire, Arthur Marques Figueiredo, Joaquim Roque Pereira (Bigurrilho), Carmelita Alves Campos, Cristino Ananias de Campos, Domingos Tibúrcio, Francisco Ferreira Figueiredo, Iracema Ferreira de Araújo, João Penha Dominice (João de Agenor), João Evangelista, José Maria de Araújo, José Ribamar Dominici, José Ribamar Martins, José Sousa Martins, Marcolino Jardim Arouche, Maria Assunção de Araújo Teixeira Gomes dos Santos, Maria Creusa Costa Araújo, Maria Creusa da Silva Santos Jacintho, Onesinda Serra Castelo Branco, Raimunda Alves Mota, Raimundo Aranha Aragão, Raimundo Ferreira Almeida.

OS TRINTA PRIMEIROS ACADÊMICOS:
No dia 4 de dezembro, em festividade solene – que se realizará no salão da Colônia dos Pescadores – tomarão posse das cadeira , já devidamente nomeadas por seus respectivos patronos, os primeiros acadêmicos:
Ana Márcia Ferreira de Araújo, Ana Régia Passos, Arnaldo de Jesus Dominici, Claudiana Soares Cotrim, Deuzimar Costa Serra, Dilercy Aragão Adler, Edinete Correia Alves, Elifas Levi Meireles, Elimar Figueiredo, Edeilce Aparecida Santos Buzar, Evandro Araújo Bezerra, Evandro Cutrim Souza, Flávio Newman Andrade Braga, Gilberto Matos Arouche, Jailson Mendes Mota, João de Araújo Teixeira Filho, João Batista Duarte Azevedo, João Damasceno Figueiredo Júnior, José Eulálio Figueiredo de Almeida, José Jersan Santos Araújo, Iolanda Castro Serra, Josefina Martins Ferreira, Lília Penha Viana Silva, Luiz Raimundo Costa Figueiredo, Manoel de Jesus Barros Martins, Marcondes Serra Ribeiro, Raimundo Campos Filho, Raimundo Correa Cutrim (Raimundinho), Raimundo Nonato Cutrim e Sharlene Lopes Serra.

Que seja BEM-VINDA a ACADEMIA!

* Marcondes Serra Ribeiro é natural de São João Batista, Graduação Superior em Língua Portuguesa e Literaturas na instituição de ensino CESB, Trabalhou como Professor de Língua Portuguesa na empresa Área de educação, Trabalhou como Management na empresa Ministério da Saúde.

A ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS

A ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS

Por Marcondes Serra Ribeiro*

Faz certamente bem mais que dez anos, desde o dia em que eu e o nobre conterrâneo e amigo, Professor Batista Azevedo – mui respeitosamente, um grande profissional da área educacional, particular expoente e orgulho da terrinha – conversamos, muito empolgados, sobre a criação da Academia Joanina de Letras.

Na oportunidade, as considerações feitas primavam pelo propósito de reunir nossos intelectuais para tratarmos coletivamente, com cuidadoso carinho, sobre as questões contemplativas de nossa língua, com especial enfoque às produções literárias, incentivo à arte de escrever, apoio às manifestações culturais, e reconhecimento da qualidade valorativa de seus membros, o que aconteceria através de eventos, homenagens e premiações. Outra assertiva colocada em pronta evidência naquela oportunidade, e muito valiosamente fortalecedora do intento, foi a funcionalidade da “academia” como uma instituição voltada à preservação de nossa memória, zeladora do acervo reconhecidamente criativo dos cidadãos joaninos.

Não nego que o compartilhamento da ideia criativa da academia seja contemplativa de minha vontade em ser um dos acadêmicos, com a necessária humildade que me caracteriza, sem o esplendor de “tornar-me imortal”, a exemplo daquilo que ocorre com a maioria dos membros das instituições congêneres. Embora seja uma vaidosa intenção, tenho consciência de que há necessidade de enquadramento aos critérios estatutários estabelecidos mediante as discussões em reuniões com os demais envolvidos, pessoas que, desde o primeiro momento, foram inclusas em uma listagem de convidados para apreciação da ideia, também seguindo os moldes das academias existentes. É claro que eu e o amigo Batista Azevedo tínhamos em mente a justa certeza de que não deveriam existir precedências privilegiáveis de algum membro.

Na ocasião, ainda sabíamos muito pouco sobre o assunto, mas conhecíamos alguns importantes itens do estatuto da Academia Brasileira de Letras, como por exemplo aquele que estabelece aos candidatos à vaga na instituição, a necessidade de ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário. Esse detalhe levou-me a dedicação mais resolutiva da edição de meu primeiro livro, Revérbero Amarelo, que se fez realidade, embora com alguns pormenores pendentes quanto ao ISBN, pois a gráfica relaxou este importante detalhe, mas que está em trâmite, junto à Câmara Brasileira do Livro. Apressei-me na divulgação, pelas redes sociais, de alguns trabalhos que habitualmente faço com dedicada paixão: escrever e postar meus textos reflexivos, notas e poemas – retratos de mim em aproveitamento da inspiração que o dom instiga e o hábito constrói, mesclando as qualidades e defeitos de todos os artistas.

Depois de algumas investiduras, ao longo destes anos, juntamo-nos a outros expoentes joaninos e caminhamos, determinados e bem confiantes, para a elaboração do estatuto e criação da então nominada “Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais”. Estão conosco, os respeitáveis futuros acadêmicos, perfis do mais puro ajuste aos preceitos institucionais: Manoel Martins, Edinete Alves, Gracilene Pinto, Flavio Braga, Sharlene Serra, Damasceno Júnior, Raimundo Cutrim, Evando Cutrim, Dilercy Adler, Gilberto Matos Aroucha, José Eulálio Figueiredo, Jersan Araújo, Raimundo Correia Cutrim, Ana Márcia Ferreira, entre outros profissionais que também labutam com as artes, ciências e os saberes culturais, componentes iniciais de um quadro que estará completo até o dia previsto para a fundação e que se seguirá preenchendo condignamente o número de cadeiras, na medida em que surgirem candidatos a atenderem os requisitos.

Todos nós comungamos as ideias mais promissoras quanto à promoção da literatura, leitura, educação, defesa consciente do meio ambiente, dos patrimônios artístico, cultural, histórico, turístico, paisagístico de nosso município, além de nos mostramos desejosos de investir na manutenção de intercâmbios com as demais entidades nacionais, realização de seminários, cursos, encontros que congreguem expoentes das atividades culturais, proporcionem condições de produtividade e livre debates de ideias.

Até o momento, temos definidos alguns nomes para Patronos das Cadeiras Acadêmicas. Personalidades escolhidas para serem inicialmente as homenageadas, por terem expressivo destaque e marcado verdadeiramente a história joanina: José Maria de Araújo, Francisco Figueiredo, Antônio Santos Jacinto, José Ribamar Dominici, Onezinda Castelo Branco, Fran Figueiredo, José Souza Martins, Iracema Ferreira de Araújo, Arthur Marques Figueiredo, Creusa Costa Araújo, Maria Creusa Santos Jacinto, Padre Domingos Tibúrcio, Padre Dante Alligiere Lasagna, Suvamyr Viverkananda Meireles, José Brígido da Silva Neto, entre outros.

Em reuniões conectadas, nós, os membros fundadores, conhecedores das limitações do nosso município quanto à militância puramente literária, resolvemos ampliar o leque de abrangência da academia, certos de estarmos investindo em uma expressiva referência no mundo cultural de nossa cidade, porque a academia simbolizará o assento da historicidade de nosso povo, preconizando um caminho venturoso para aqueles que se empenham nas artes, ciências e nos saberes e divulgação da cultura como grandes ideais de suas vidas!

A fundação e posse dos primeiros acadêmicos está prevista para o dia 29 de outubro – Dia Nacional do Livro, em sessão solene, com a honrosa presença das autoridades municipais e convidados, podendo se constituir, talvez, com o apoio de representantes do Poder Público e de empresários locais, um dos mais significativos eventos da nossa querida São João Batista!
Nós merecemos!

* Marcondes Serra Ribeiro é natural de São João Batista, Graduação Superior em Língua Portuguesa e Literaturas na instituição de ensino CESB, Trabalhou como Professor de Língua Portuguesa na empresa Área de educação, Trabalhou como Management na empresa Ministério da Saúde.

Academias na Baixada, a vez de São João Batista

Foi realizada em São João Batista a primeira reunião para a instalação da Academia Joanina de Ciências, Artes e Letras, no dia 14/07/2018, no Centro de Convenções e Informática de São João Batista sediou . O evento contou com o apoio do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense e da sociedade joanina.

A entidade está fomentando a criação das academias na região e o professor Manoel Barros, do quadro da Universidade Federal do Maranhão, é o gestor do projeto. Em São João Batista, além dos futuros ‘imortais’, o evento contou com as presenças de membros da Diretoria da entidade, entre eles Flávio Braga, presidente de honra; Leonardo Cardoso, primeiro tesoureiro e Batista Azevedo, membro do conselho fiscal.

Além de professores, estavam presentes representantes de movimentos sociais e culturais de São João Batista e de pessoas que já têm produção literária. A reunião começou com uma rápida abertura feita pelo professor Raimundinho Cutrim e uma explanação do projeto sobre as academias, sob o comando do professor Manoel Barros, que também é joanino.

Ele explicou sobre o objetivo da academia e sobre o trabalho que ela pode fazer. O professor destacou também que os próximos passos serão: a escolher o nome, dos patronos e membros, bem como a elaboração do estatuto e demais documentos para a constituição da Academia do município.

Durante as apresentações dos participantes, eles destacaram que a entidade deve comportar diversos artistas joaninos, espalhados pelo município. Foi acordado que uma nova reunião será realizada em setembro ou outubro para, de fato, fazer o ato que instituirá a Academia Joanina de Ciências, Artes e Letras.