A Luz Elétrica

A Luz Elétrica

Autor Aroucha Filho*

O ano era o de 1960, à frente do executivo municipal, o prefeito João Amaral da Silva, Juca Amaral, o segundo prefeito da emancipada cidade de Matinha, que em esforço hercúleo buscava consolidar a feição da recém-nascida cidade, fazer igualar-se às suas vizinhas Viana, cidade mãe, e Penalva, estas mais antigas e de referência. Viana e Penalva já ofereciam o serviço de iluminação pública aos seus munícipes no período noturno, até às dez horas da noite.

Juca Amaral, grande protagonista da emancipação política de Matinha, agora como prefeito, queria dotá-la de todos os serviços públicos possíveis para contemplar os habitantes daquela cidade em formação. Com esse propósito assumiu o desafio de implantar a “Luz Elétrica’, na cidade de Matinha. Um grande desafio.

As dificuldades iam desde os recursos para adquirir os equipamentos de geração de energia, caríssimos, até a logística de transporte para levá-los de São Luís à Matinha. Nessa época não haviam estradas de acesso à Baixada Maranhense, os transportes de passageiros e cargas eram feitos por barcos e lanchas.

Adquirido em São Luís o grupo gerador, um potente conjunto das marcas MWM/WEG, que geraria a energia elétrica para acender as lâmpadas e inserir Matinha no status das poucas cidades do Maranhão que possuíam “Luz Elétrica”. Ainda tinham outros desafios a serem vencidos.

Discutida a logística de transporte, passou-se ao planejamento da operação. O grupo gerador foi seccionado, desmontado o conjunto, separado o motor do gerador para facilitar o embarque/desembarque e transporte desse pesado equipamento até o seu destino final. O transporte foi feito em lancha que atracou em Ponta Grossa, dali transportado em carros de boi até Matinha. Tudo, carga e descarga, feito em braços de homens.

À espera do grupo gerador, o prefeito Juca construiu um abrigo, que chamávamos de “Usina”, edificada bem ao lado do antigo Mercado. O maior desafio seria montar e operar esse equipamento, Matinha possuía nessa era, apenas dois motores à explosão, de propriedade do Sr. João Amaral, um utilizado no pilador de arroz, o outro movia o caminhão marca Ford, modelo 1949. Tinha que importar mão de obra. Para tanto foi contratado o mecânico Pereira, extremamente competente, senhor simpático que facilmente foi acolhido pela população, fixou residência, e vários dos seus filhos nasceram ali.

A rede elétrica para distribuição da energia, composta de duas fases e um neutro, em fios 100% cobre, era apoiada em postes de madeira de lei, lavrados a machado, provenientes da Mata do Bom Jesus, de propriedade do prefeito Juca Amaral, que abnegado e com grande altruísmo, uma das suas várias virtudes, forneceu em doação toda a madeira necessária para o posteamento. Gesto de estadista.

Obstáculos heroicamente superados, tudo pronto, imensa ansiedade no aguardo do grande dia, a luz elétrica era o assunto de todos. A autoestima dos matinhenses estava em alta.

Dia do marcante evento, a inauguração da “Luz Elétrica”, população eufórica. Não lembro a data. Lembro que a festa foi merecidamente grande, uma majestosa noite para ficar marcada na história de MATINHA. Foi um grande banquete, com muitos e variados quitutes, rojões soltados pelo Sr. Elpídio, orquestra tocando, todos os olhos voltados para as lâmpadas alojadas em modestos abajures em formato de prato, branco leitoso na parte côncava e verde na parte convexa. Ao acionar a chave da luz o prefeito João Amaral da Silva poderia ter dito: FIAT LUX ELECTRICA. Não lembro suas palavras. Lembro do seu largo e angelical sorriso.

Na minha tenra idade vivi e guardei na memória todos esses detalhes, até a dificuldade que tive para me desfazer de uma azeitona que acompanhava uma das iguarias servidas no banquete. Não conhecia, provei e não gostei. Matinha definitivamente tinha cara de cidade, de dia e de noite.

PS: A luz elétrica funcionava somente no período noturno, acendia no início da noite e apagava às 21:30h. Às 21:00h piscava duas vezes, era o que denominávamos de “sinal”, indicava que apagaria em 30 minutos.

* José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha) é natural do município de Matinha-MA, Engenheiro Agrônomo aposentado do INCRA, exerceu os cargos de Executor do Projeto Fundiário do Vale do Pindaré e Executor do Projeto Colonização Barra do Corda. Ex Superintendente do INCRA Maranhão. Foi Superintendente da OCEMA e Chefe de Gabinete da SAGRIMA.

O MERCADO

O MERCADO

Autor Aroucha Filho*

Verdadeiramente um mercado moderno, bem construído e funcional, bela fachada. Era, sem dúvidas, o melhor mercado da região, em todos os aspectos.

Na década de 50, na gestão do Prefeito Aniceto Costa, primeiro prefeito eleito de Matinha, portanto no início da emancipação política do município, período das obras estruturantes tão necessárias para a sede do município adquirir a feição de cidade, foi construído o Mercado Municipal de Matinha.

O mercado apresentava-se como uma obra bastante avançada àquela época, tanto pelo aspecto arquitetônico, como pela concepção urbanística. A localização escolhida foi o centro da cidade, buscando equidistância de percurso aos frequentadores daquele importante logradouro público.

O conceito arquitetônico da obra, optou pelo formato geométrico de um quadrilátero, com acesso pelos quatros lados, possibilitado por amplas portas em arcos, no centro de cada lado. Chamava à atenção a sua fachada simétrica, igual em qualquer ângulo de visão frontal. Quatro faces iguais. Destaque ao telhado com quatro águas invertidas, isto é, a queda d’água era para a parte interna do mercado, em um quadrado de piso rebaixado, essa área era descoberta e bem no centro existia um poço, devidamente revestido com tijolos compactos, com poial e tampa de madeira.

O destaque, da bonita fachada do prédio, era o “platibanda”, recurso da arquitetura moderna, que permitia embutir, encobrir a vista do telhado. A primeira obra em Matinha com esse recurso da arquitetura.

O ponto alto dessa simbólica obra foi a funcionalidade projetada, concebida para esse período tão remoto. A começar pela localização na parte central da cidade, edificado quase no centro de um grande espaço vazio, hoje Praça Juarez Silva Costa, antes, Praça Professora Etelvina Gomes Pinheiro. Diz-se que a edificação não ocorreu no centro desse espaço para não sacrificar um frondoso pé de bacaba (Oenocarpus bacaba ), ali existente. Demonstração de avançado sentimento de preservação ambiental.

O prédio era circundado por uma larga calçada, em torno de dois metros de largura. Em razão do desnível do terreno o lado que ficava voltado para a praça, a calçada era alta com degraus. Nos quatros cantos, face externa, tinha espaço reservado para lojas, mercearias ou quitanda como denominávamos esse tipo de estabelecimento comercial. Eram espaços razoáveis, com uma porta de cada lado. Pela parte interna, em cada canto, ficavam os cortes, açougues, destinados à venda de carne verde (bovina e suína) e pescados. Os ambientes eram equipados, com ganchos, mesa, balança com conjunto de pesos e uma tora de madeira onde os açougueiros com a ajuda de machado de cabo curto, cortavam os ossos das rezes em desmonte.

Açougueiros que a memória alcança, trabalharam no mercado, os senhores: Seixas, Maneco Sena, Machado, Domingos Serra, Zé Sena (Zé de Maneco).

* José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha) é natural do município de Matinha-MA, Engenheiro Agrônomo aposentado do INCRA, exerceu os cargos de Executor do Projeto Fundiário do Vale do Pindaré e Executor do Projeto Colonização Barra do Corda. Ex Superintendente do INCRA Maranhão. Foi Superintendente da OCEMA e Chefe de Gabinete da SAGRIMA.

Minha terra, minha origem

Minha terra, minha origem
César Brito em Lisboa

Carlos César Silva Brito lança sua primeira obra, denominada Minha terra, minha origem.  O autor é o prestigiado presidente da Academia Matinhense de Ciências Artes e Letras – AMCAL  A obra foi escrita no estilo crônica poética, que retrata fielmente o passa no coração e na alma do autor, que tem o hábito de preservar a natureza e velejar pelas águas do Lago do Aquiri, que serpenteiam as terras dos seus ancestrais. O livro foi inicialmente lançado em Portugal, entre os dias 25 e 27 de julho deste ano, e deve ser relançado na Feira do Livro, em São Luís.

Minha terra, minha origem é uma obra para ser lida na vagarosidade da vida do interior, distanciando-se da correria já consolidada dos grandes centros urbanos, explorando, analisando e degustando cada verso, linha, parágrafo, como se fosse, numa analogia propicia ao momento, um gostoso produto da saborosa e peculiar culinária baixadeira, por todos apreciada. 

O poeta homenageia sua família e traz informações que serão essenciais para quem quer obter o conhecimento das origens de Viana/Matinha, suas fronteiras, pontos de vistas, histórias, bem como regalar-se num bom espaço de poesias.

No mês de agosto do ano passado, César Brito e sua esposa Ângela receberam, com carinho, o Fórum em Defesa da Baixada em sua propriedade em Matinha. Um lugar aprazível que o Dr. Gusmão, professor de Agronomia da UEMA e um dos palestrantes do evento, denominou de “Santuário de Ponta Grossa”, onde coexistem várias espécies de animais e plantas exibem suas riquezas de formas, cores e aromas, com certeza, fontes de inspiração ao autor.

Prefaciada e revisada pelos imortais da AMCAL, João Carlos da Silva Costa Leite,  e Maria Zilda Costa Cantanhede, respectivamente, a obra MINHA TERRA, MINHA ORIGEM tem um público alvo: aqueles que prestigiam e se deleitam na epopeia da arte poética e os muitos admiradores do autor, dada a sua capacidade de cativar pelo exemplo de um ser humano especial. Boa sorte, César Brito, é o que lhe deseja seus irmãos forenses. O Livro está disponível para venda na Livraria AMEI do São Luís Shopping em São Luís.

Texto adaptado a partir da publicação em: https://jailsonmendes.com.br/presidente-da-academia-matinhense-de-ciencias-artes-e-letras-lanca-livro-de-poesias/

A trilha da Vida*

A trilha da vida é feita de caminhos que se cruzam, uns para sempre e outros apenas por algum tempo. Foi um prazer estar com todos vocês e aprender a cada instante algo de novo. Não tem preço a convivência com gente que gosta de gente. Impressionante que ao fim do dia, eu queria que não tivesse acabado e voltar a estar com todos. A realidade é assim, estou feliz.

Foram muitos momentos alegres, outros de concentração e todos eles contribuíram imensamente para aguçar nosso senso crítico, fortalecendo a interação dos baixadeiros, sobretudo, a expectativa que fica de novos acontecimentos.

Quero agradecer por cada segundo dispensado comigo, por cada sorriso, por cada bom dia, cada abraço, aperto de mão e principalmente pelo conhecimento partilhado.

Impossível não fazer destaque ao empenho e espontaneidade dos nossos palestrantes (Obrigado Dr. Gusmão, pelas mudas de Paricás, serão tratadas com carinho), o apoio dos amigos da cultura, a dedicação de Jonilza, aos profissionais da educação, Ana Creusa uma grande líder e amiga, a Sra. Linielda, nossa verdadeira anfitriã que nos conquistou o todos com sua efetiva participação.

Que o sucesso continue ao lado de cada um de vocês e a felicidade seja uma companheira assídua.

Foi muito lindo a graciosidade e o bailado das companheiras ao final do encontro.

Desejo a todos, muito estímulo para seguir crescendo e aprendendo continuamente.  Os meus mais sinceros agradecimentos!

*Carlos César Silva Brito, naturalidade: Viana (MA); membro fundador e primeiro presidente da academia Matinhense de Ciências Artes e Letras – AMCAL, membro da Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA, autor do livro: Minha terra minha origem; também é de sua autoria diversos poemas e crônicas ressaltando a grandeza e a beleza natural e cultural da região dos campos floridos de Viana e Matinha. Ambientalista, MBA em gestão empresarial e MBA em gestão ambiental; consultor de empresas, auditor de sistemas de qualidade total e planejamento estratégico, escritor, poeta e palestrante.

 

Osmar Gomes

Osmar Gomes dos Santos é Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís, membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.

Ilha do Amor

Com alegria vou escrever
Versos de carinho e amor
Que jamais vou esquecer
Pra linda ilha do amor

Os seus antigos casarões
E a imensidão da beira mar
Tudo isso desperta paixões
São belezas a contemplar

Ilha do amor do coração
Teus mistérios e histórias
Ficam na imaginação
É tão rica e cheia de glórias

Tuas riquezas naturais
Tão cheia de belezas
Não se esquece jamais
És um presente da natureza.

Alan Rubens

 

Caju emplumado

Um grupo de professores que prestavam serviço durante uma semana na
bonita cidade de Pinheiro na Baixada Maranhense para a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), para o extinto Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD) estava reunido em uma mesa de bar após um dia exaustivo de trabalho por volta das cinco horas da tarde.

Resolveram tomar umas cervejas pra relaxar um pouco e, com eles foi também a coordenadora do pólo. Após terem tomado umas cinco cervejas Paulo, um dos professores, apontando para cima comentou:
– Olhem um caju bem madurinho lá no alto todo amarelinho!
Todos voltaram-se para a direção que Paulo apontou. Carla a coordenadora disse:
– Vejam só que beleza deve estar uma delícia!

Os outros dois professores, Carlos e Jamilson, apenas observavam admirados e nada comentaram.
O papo continuou descontraído e de vez enquanto alguém levantava a vista para observar o caju mais pensando em como fazer para apanhá-lo.

Após algumas cervejas, aproximou-se da mesa um menino com seus onze anos, aproximadamente, e perguntou:
-Dona posso engraxar seu sapato custa apenas um real e prometo deixá-lo novinho em folha da mesma maneira que aconteceu ano passado!

Carla que já o conhecia disse que sim. Então o garoto sentou-se aos pés da coordenadora e começou a engraxar o sapato da coordenadora. 
De vez em quando ela levantava a vista pra admirar o caju com olhar desejoso.
Ela falou pro garoto:
-Meu filho vê pode apanhar aquele caju pra mim te dou mais um real?
O garoto levantou a vista e perguntou:
-A senhora está falando daquele caju ali? Disse ele apontando pra onde ela havia indicado pra ele.
– Sim meu filho você pode apanhar pra mim?

O garoto sorrindo com seu jeito inocente respondeu:
– Não é caju “fessora” é um bem te vi que está no seu ninho cuidando dos ovos!
Todos voltaram-se para observar enquanto o garoto levantou-se e sacudiu os braços o bem te vi espichou o bico que estava pra dentro das penugens e ficou atento.
No mesmo instante todos entreolharam-se e caíram na  gargalhada.

Alan Rubens.

Lindo lago

Chego bem cedo
À  beira  do lago 
Vejo o balsedo
E logo viajo
Na tua imensidão 
Que fico a contemplar
Vem a inspiração 
E logo começo  a cantar

Lindo lago és amor
Tua beleza nos envolve 
Em todo seu esplendor
Tuas histórias nos comove
És o  orgulho da baixada
Tens encanto e magia
Dessa terra tão amada
Que a todos contagia.

Alan Rubens

Belo Aquiri

Belo Aquiri 
Te conheci
E me surpreendi
Com tua beleza 
Fruto da mãe natureza.

O teu encanto é  especial
Como você  não tem igual 
Por isso mesmo fenomenal
E quem a ti conhece
Jamais te esquece. 

A tua mata verdejante
E tua água abundante 
É  uma bênção glorificante
Para os olhos um colírio 
Que nos leva ao delírio 

Ah meu belo aquiri
Te conhecendo percebi
Essa magia que vem de ti
E  Deus há de nos ajudar
Dar sabedoria pra te preservar.

Alan Rubens

Princesa dos lagos

Ah! Que saudades
Da princesa dos lagos
Onde no período chuvoso
Temos a beleza das águas
Nos campos inundados
Cheios de esperanças
Da diversidade animal
E com sua vegetação
De características próprias.

Banhistas que se divertem
Pescadores aventureiros
E aqueles que retiram
O seu ganha pão
De cada dia.

No período da estiagem
O lago abre passagem
Para o verde do  campo
Para mais de perto 
Admirarmos a imponência
Do Mocoroca
E da beleza do Sacoā
Lar dos caboquinhos 
E outras espécies
Que soltam seus cantos
Como numa 
Orquestra sinfônica.

Eu Vi Ana se encantando
Com a beleza do entardecer
E o vôo bem alto 
Dos passarinhos baleias
Para depois descer
Num mergulho razante.

No céu também
Podemos contemplar
O balé das andorinhas
E nas beiradas do lago
As aves rasteiras
À procura de alimentos
E o passeio elegante
Das lindas garças.

Princesa dos lagos
Símbolo de beleza
Orgulho dos vianenses
Da baixada maranhense
Sempre serás exaltada
E eternamente amada.

Alan Rubens.