A Baixada Maranhense é uma microrregião geográfica composta por 21 municípios, habitada por mais de meio milhão de pessoas, numa área superior a 20.000 km quadrados, com uma localização privilegiada, não apenas pela proximidade da Capital, mas também por ser zona de transição entre o semiárido nordestino e a região amazônica, o que torna as suas terras férteis e produtivas.
Formando uma enorme planície, quase ao nível do mar,na época das chuvas acumula uma lâmina d´água de aproximadamente um metro e é constituída pela imensidão de campos naturais, ostentando fauna e flora só comparáveis ao pantanal mato-grossense.
O seu ecossistema serve como berçário natural para uma majestosa biodiversidade, composta por animais, aves e peixes bem característicos do pantanal maranhense.
A Baixada possui um potencial hídrico extraordinário, reforçado pela existência dos rios Aurá, Maracu, Pericumã, Turiaçu, Pindaré, Mearim e outros, potencial esse que necessita de investimentos urgentes para contenção da água doce que escoa para o mar, deixando uma extensa área desertificada durante vários meses, todos os anos.
A eletrificação com a energia de Boa Esperança, a implantação de rodovias asfaltadas, o transporte por meio de ferry boats e projetos ainda a serem implementados, como os diques da Baixada, a ligação rodofluvial entre São Luís e os municípios de São João Batista e Cajapió, via município de Bacabeira, representam ações e planos de governo que contribuem e ainda vão contribuir bastante para o melhora-mento da qualidade de vida da população baixadeira.
Diante desse quadro, é hora de pensarmos no PLANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DA BAIXADA MARANHENSE, alicerçado na implantação de projetos estruturantes e arranjos produtivos de grande alcance econômico e social, que transformarão a região numa grande produtora de alimentos, dentre outros fatores de crescimento.
A espinha dorsal da Baixada é a MA-014 (rodovia Vitória do Mearim-Três Marias), que cruza a maioria dos municípios. De suma importância também é a MA-106 (rodovia Cujupe-Pinheiro). Isso sem contar os ramais de acesso às sedes de vários municípios e as estradas vicinais.
Para iniciar esse processo de desenvolvimento seriam implantadas mini-usinas de etanol e biodiesel, sustentadas com o cultivo da cana de açúcar, girassol, mamona e aproveitamento do coco babaçu. A instalação de usinas eólicas e experiências com energia solar também deveriam ser priorizadas, devido à abundância de ventos e de luminosidade existentes na região. No Brasil, onde verificamos atualmente uma grande instabilidade climática em diversas regiões, vemos a Baixada mantendo uma regularidade propícia à sua autossustentação energética.
Incentivo ao desenvolvimento agropecuário e da agroindústria, com a implantação de uma bacia leiteira capaz de suprir a região metropolitana de São Luís e outras regiões do Estado; industrialização de laticínios e derivados; projetos de piscicultura, rizicultura e carcinicultura; criação de aves (frangos, patos, marrecos e outros); criação de abelhas, considerando a grande floragem durante vários meses do ano; campos agrícolas comunitários para produção específica de mandioca, milho, arroz, melancias e hortaliças. Tudo isso é possível para transformarmos a região da Baixada numa das mais prósperas do Estado, com investimentos públicos e privados e com base no PLANO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DA BAIXADA MARANHENSE.
O Governo Estadual daria um grande passo para reduzir a pobreza e garantir o desenvolvimento econômico-social, a partir da criação de uma “comissão de alto nível”, formada por técnicos identificados com a Baixada, contando ainda com o empenho de parlamentares estaduais e federais, que recebem o respaldo do eleitorado da região, para a alavancagem dessa iniciativa junto às diversas esferas governamentais. Somos de um tempo em que a Baixada elegia seus próprios filhos como parlamentares intransigentes e resolutos na defesa de seus mais legítimos interesses, o que infelizmente não ocorre hoje.
Todos que amam a Baixada devem lutar com tenacidade buscando a intervenção do Poder Público para a consecução desse sonho, viabilizando a construção dos Diques da Baixada (obra redentora da Baixada Maranhense), projeto reivindicado ao longo de muitos anos e que se encontra sob a responsabilidade da Codevasf, em fase de levantamento cartográfico e de estudos ambientais.
A Baixada não é problema, precisa somente da sensibilidade dos nossos governantes.
Crônica de Luiz Figueiredo, publicada no Livro Ecos da Baixada, nas páginas 28/31.