Por Gracilene Pinto
Não sei se pelo viés quase lendário da sua história com Ana Amélia; pelo caráter passional das suas obras românticas e nacionalistas, que casam tão bem com minha natureza poética; ou mesmo por seu natural poder de sedução, Gonçalves Dias sempre me encantou.
O poeta consegue seduzir até depois da vida.
Acresce a isso, o fato de eu ter lido durante toda a adolescência na parede frontal do Ginásio Costa Rodrigues os célebres versos da Canção do Tamoio:
“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.”
Certo é, que desde muito cedo me senti fascinada pelo poeta maranhense, por seu histórico de vida e pelos seus versos, que declamei muitas vezes.
Há um poema dele que me inebria sobremaneira intitulado Leito de Folhas Verdes:
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
Brilha a lua no céu, brilham as estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
Gonçalves Dias é, e eu me refiro a ele no presente porque ele continua vivo dentro de cada poeta, de cada coração maranhense, uma criatura tão sedutoramente especial que, até seus ídolos depois de conhecer suas obras, viravam seus fãs.
O consagrado português Alexandre Herculano, por exemplo, não só se tornou um fã, e mais tarde amigo também, como, após ler seu primeiro livro, “Primeiros Cantos”, escreveu elogiosa crítica ao trabalho do poeta e maior expoente do romantismo e do indianismo brasileiro.
Baixinho, feiinho fisicamente, e mulato, quando isso ainda era um verdadeiro estigma, além da origem pobre, Gonçalves Dias nasceu na maranhense Caxias em 10/agosto/1823, filho de um comerciante português de Trás-os-Montes com uma mestiça brasileira. O pai, logo separou-se da mãe e deu-lhe uma madrasta, que por sorte o estimou.
Revelando ainda muito cedo inteligência e talento, tanto que, desde a meninice demonstrava paixão pela leitura e aos 10 anos de idade já fazia a escrituração simples da loja do pai, este desejou tivesse o filho uma educação que lhe possibilitasse desenvolver o intelecto e garantir-lhe um futuro promissor. Infelizmente, seu genitor faleceu antes de pôr em prática tal projeto.
No entanto, a estrela do garoto brilhava, e havendo recebido apoio da madrasta e de outros mais, tais como, o Juiz da Comarca Dr. Antônio Manuel Fernandes Júnior (que depois foi desembargador) e uma comissão de conterrâneos, os quais contribuíram com quotas mensais para subsidiar ao menino a fim de que pudesse ir estudar em Coimbra, onde se tornou, além do poeta que era por nascimento, advogado, jornalista, etnógrafo, teatrólogo, ensaísta e articulista (artigos que ele escrevia, geralmente, sobre suas viagens de estudo para o Amazonas e demais lugares do Nordeste, e até alguns países europeus e Oceania, onde esteve em missão governamental).
Foi assim que o menino franzino, Antônio Gonçalves Dias, tornou-se um intelectual, um poliglota, que, entre outras línguas, dominava o alemão e escreveu até um dicionário de Língua Tupi, que dizem ter sido encomendado por Dom Pedro II.
Elogiado e paparicado por todos no Brasil e em Portugal, em razão do seu talento, tinha dificuldade, no entanto, de obter os resultados materiais necessários à sua subsistência. E, apesar dos elogios que choviam sobre os seus escritos, também não estava livre dos desgostos causados por algumas críticas infundadas.
Por exemplo, tendo enviado por outra pessoa os dois dramas escritos em Coimbra, Patkull e Beatriz Cenci, ao Presidente do Conservatório Dramático (não queria que soubessem que os textos eram de sua autoria para não ter um julgamento avaliado e aprovado em homenagem ao seu nome), descobriram nos textos os avaliadores mil defeitos e galicismos imperdoáveis.
Magoou-se o poeta ante a injustiça sofrida, pois sabia-se um purista, e despicou-se escrevendo Sextilhas do Frei Antão. O tipo de vingança das pessoas grandiosas de espírito.
Em outra ocasião, em carta enviada ao seu amigo Teófilo Leal, Gonçalves Dias queixava-se de ter postulado junto aos amigos que o apresentassem ao imperador, o que ainda não acontecera.
“… nossos grandes homens – disse ele – recebem-me com a carinha d´agua, namoram-me quase como se eu pudesse dispor de alguns votos, e estou certo que se for bem recebido pelo Imperador, a quem terei a honra de ser apresentado um destes dias, ninguém será mais festejado, mais gabado… pois, veremos se os bons olhos do nosso monarca farão mudar a minha sorte; de promessas já estou farto… qualquer dia.”
No entanto, mais tarde foi efetivamente apresentado ao Imperador. E dizem ter sido Dom Pedro II um dos correspondentes com quem ele se comunicava com assiduidade. É verdade que pelo governo imperial foi encarregado de cumprir algumas missões.
Provido a Secretário e Professor de Latim, do Liceu de Niterói, Gonçalves Dias recebia um magro salário que mal dava para garantir-lhe o sustento. E, quando as cadeiras do Liceu de Niterói foram extintas, para sobreviver com decência, fazia extratos das sessões da Câmara dos Deputados e também artigos humorísticos e folhetins para o Correio Mercantil. No ano seguinte foi redator dos discursos do Senado para o Jornal do Comércio.
Finalmente, em 1849, foi nomeado Professor de História Pátria e Latim, do Real Colégio Pedro II. Esse emprego, que era desejado pelo poeta, se não era algo soberbo quanto à questão financeira, juntamente com os resultados advindos da pena literária lhe garantiria certa estabilidade e folga.
Encarregado pelo Ministro do Império, Visconde de Monte Alegre, de coletar nos mosteiros e arquivos das câmaras municipais e secretarias das províncias ao Norte da Corte do Império os documentos mais importantes para o Arquivo Público, bem como, avaliar as condições da instrução pública nessas províncias, começou Gonçalves Dias por São Luís do Maranhão, a fim de abrandar as saudades da terra natal, pois dizia:
“Minha alma não está comigo… está a espreguiçar-se nas vagas de São Marcos, a rumorejar nas folhas dos mangues, a sussurrar nos leques das palmeiras…”
Mas, deixemos de lado os dados biográficos. Afinal, de tanto que já foi falado sobre ele neste seu bi-centenário, essas informações quase todo mundo já sabe.
Igualmente, não quero falar sobre o Gonçalves Dias funcionário público administrativo, que, nessa fase da sua vida pouco tempo dispunha até para sua verdadeira produção literária, e se decepcionava com os compatriotas, pois dizia:
“Tudo nesta terra é divino, exceto o homem que a habita.”
Vamos nos ater ao poeta e ao seu lado romântico, porque, entre tantas qualidades, atributos e conquistas, foi a poesia que o imortalizou definitivamente, quando, cheio de saudades da Pátria, escreveu a sua Canção do Exílio, um dos mais lindos poemas da língua portuguesa que, de tão belo e tão cheio de brasilidade, os compositores do Hino Nacional Brasileiro lhe roubaram alguns versos para mais enriquecer sua obra:
Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá…
…..
Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá.
sem qu´inda aviste as palmeiras onde canta o sabiá.
Eu sempre acreditei que o que imortaliza o ser humano é sua obra, seu legado. E o que imortaliza o escritor é a sua capacidade de expressar os sentimentos de modo a perpetua-los no imaginário popular através dos tempos.
De nada adiantam os títulos e as loas momentâneas, se a obra não tiver a força suficiente para se consagrar no imaginário popular e transcender no tempo, porque as criações morrerão com o autor. A obra que não conseguir falar ao coração de gregos e troianos, dos intelectuais aos indivíduos mais simples, não terá cumprido seu papel.
Por isso, considero que, o que realmente imortalizou Gonçalves Dias não foi só sua intelectualidade, a métrica, a erudição e o romantismo dos seus versos, mas, foi o modo como expressou suas emoções com tal profundidade, que fez com que sua obra conseguisse tocar no coração das pessoas e mexesse com os sentimentos mais lídimos, mesmo depois de passados dois séculos.
Tudo isso, somado ao seu lendário e transcendental romance proibido com Ana Amélia, mexe com o imaginário popular, com a alma dos indivíduos, que se colocam no lugar do amante sofredor, para também vestir o manto do amor vitimado pela incompreensão.
Todo mundo está careca de saber que Gonçalves Dias era apaixonado por Ana Amélia Ferreira do Vale. Embora, nas horas vagas, também haja se apaixonado por uma dúzia de outras mulheres, como Céline, em Bruxelas; Leontina e Natália, em Dresden, na Alemanha; Joséphine e Eugénie N., em Paris, (por causa desta última Gonçalves Dias enfrentou a maior treta com a esposa, pois Olímpia, não se sabe como, teve conhecimento da relação dos dois e das cartas trocadas). Isto, sem falarmos na outra Amélia, a Amélia R., uma brasileirinha filha de um alto funcionário do Tesouro, que o conheceu enquanto passeava na Europa em companhia da mãe, e, com Gonçalves Dias, idealizava projetos de casamento futuro, sonhando acordada com o filhinho que teriam, que deveria chamar-se Antoninho.
Enfim, um sedutor por excelência é o que foi o nosso Gonçalves Dias. A todas cortejava, à todas fazia promessas, e à todas piedosamente mentia, segundo a necessidade do momento.
De acordo com Manuel Bandeira, estudioso e biógrafo de sua vida e obra
“nem o trabalho exaustivo das comissões, nem o peso dos íntimos desgostos, ser-lhe-iam entrave ao vezo de namorador impenitente… aquele homenzinho de um metro e cinquenta, coração agora ulcerado pela paixão de Ana Amélia, continuava o mesmo autêntico devastador de corações femininos, e nesta matéria aproveitou gulosamente as suas folgas de tempo nos quatro anos de Europa. O poeta queixava-se, era um chorão, mas o homem agia. Era junto às mulheres, como o viu João Francisco Lisboa, na festa de N. Sra. dos Remédios. Sabia falar, tinha lábia inesgotável.”
Porém, isto, ao meu modo de ver, não significa, absolutamente, que não tivesse amado à Ana Amélia, ou que estivesse sempre mentindo para as outras Amélias.
Quero mesmo crer que, no momento em que fazia promessas e juras às namoradas, fosse realmente o que sentia naquele momento o seu volúvel coração de poeta.
Ou, quem sabe, muitas vezes mentisse apiedado por não conseguir sentir com a mesma intensidade a paixão despertada. Talvez a mentira fosse apenas um modo de retribuir de alguma forma o afeto recebido e não deixar a parceira constrangida por tê-lo amado.
Quanto à Ana Amélia, seria verdadeiramente amor o que sentia pelo poeta ou apenas uma fantasia criada graças à proibição familiar?
Segundo o testemunho de um tal de Onestaldo de Pennafort, genro de um sobrinho de Ana Amélia, ela, que tinha um tipo mignon, vivos olhos negros e rasgados, e uma tal expressão de doçura e simpatia envolvente, nunca esqueceu de todo o poeta, e sobre ele, ainda na velhice, discorria com arroubos de sentimento. Foi uma musa digna do poeta. Não obstante, seguiu sua vida, chegando a casar-se duas vezes.
E Gonçalves Dias, seria Ana Amélia sua alma gêmea ou apenas uma espécie de fata morgana, uma imagem idealizada do amor proibido que não pudera exaurir as emoções como devia?
Não se pode descartar de todo que Gonçalves Dias talvez não amasse verdadeiramente nem Ana, nem Amélia, nem Olímpia… amasse somente a ideia de um amor perfeito. E assim, impossiblitado de ter em seus braços sua musa, imortalizou-a em seus versos, e amou-a tanto quanto alguém pode amar.
Mas, também seguiu sua vida e casou-se com Olímpia, com quem teve uma filha, que, infelizmente, não viveu por muito tempo.
É provável que, a seu modo, Gonçalves Dias tenha sentido algum afeto por Olímpia, pois casou-se com ela. Mas, o gênio forte desta, aliado à inquietude do marido, não permitiram que entre os dois fomentasse um amor do mesmo calibre e com o mesmo lirismo, a mesma transcendentalidade do amor que devotou à Ana Amélia.
Porque o amor que sentimos por uma pessoa nunca é igual ao que sentimos por outra. Somente nas almas que do além se reconhecem, os corações pulsam no mesmo tom.
E penso que, somente um amor assim, transcendental, poderia haver inspirado Gonçalves Dias a escrever, entre os outros tantos poemas maravilhosos da sua lavra, a mais bela declaração de amor em forma de poema que se conhece à paixão da sua vida, quando reviu Ana Amélia anos depois em Lisboa. Estou falando de Ainda Uma Vez Adeus.
“Enfim te vejo! — enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
…………..
Adeus qu’eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!
Lerás, porém, algum dia
Meus versos d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; — e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, — de compaixão.
O fato é que, quando se fala em Gonçalves Dias lembra-se logo de Ana Amélia. Ninguém pensa nos seus outros amores. Porém, sem querer de forma alguma desdourar a imagem do poeta, nem desmerecer seu amor pela maranhense, eu sempre me pergunto: teriam Ana Amélia e Gonçalves Dias sido felizes, se houvessem concretizado esse amor ideal, casado, gerado filhos, e vivido a rotina normal de qualquer casal?
Pode ser que sim, pode ser que não.
Talvez nem chegassem realmente até o casamento, porque muitas vezes a oposição familiar acaba dourando uma pílula, que afinal pode ser amarga, exacerbando em nós o desejo de possuir aquilo que nos é proibido. Isso, muitas vezes já restou comprovado. É o poder da ausência sobre a presença. Tanto que, muitos dos melhores textos de autores maranhenses foram escritos quando estavam fora do Maranhão. Gonçalves Dias não fugiu à regra, sublimando tal premissa com a Canção do Exílio.
Consideremos que, Gonçalves Dias era um poeta, um romântico passional de alma inquieta, alguém que não se satisfaz com menos que a plenitude de um encontro de almas. Um homem cuja intelectualidade e expressividade verbal seduzia tanto às mulheres quanto aos homens. Os homens no sentido da amizade sincera. E, como poeta, incapaz de se ver refletido nuns olhos cheios de paixão sem empatizar-se com esses olhos, e com a dona dos tais olhos, fossem esses espelhos da alma negros, verdes, azuis ou castanhos.
Teria Ana Amélia a fleuma, a sabedoria necessária para manter a harmonia do lar casada com um mulherengo, ou o poeta teria aquietado o coração se estivesse nos braços da sua musa?
Não é demais lembrar novamente que ela, apesar de não haver esquecido o poeta dos belos versos e falar sedutor, como há testemunhos, foi capaz de reconstruir sua vida e casar-se e ter filhos com outros, pois casou-se duas vezes.
Eis a questão que nunca se conseguirá responder!
Isso acontece com os poetas e cantores, com os cantadores de boi, que volta e meia pelos arraiais maranhenses despertam desses amores efêmeros nas expectadoras. Estas, atraídas muitas vezes somente beleza da música e da voz, que nem todos os cantadores tem a sorte de ser fisicamente bonitos. Mas, tem carisma. E contam com a magia da música, que é embriagante. E, convenhamos, Gonçalves Dias não era bonito fisicamente. Mas, com certeza tinha muito talento e carisma. Tinha molho. Daí fazer o estrago que fazia.
Eu, de fato acredito na sinceridade das declarações de amor de Gonçalves Dias por Ana Amélia. Afinal, foi um sonho que não se realizou, ficando apenas na dimensão do ideal, e isso tem bastante peso.
Mas, não desacredito também da sinceridade do poeta quando fazia suas promessas e demonstrações de afeto pelas outras Amélias que passaram por sua vida.
Talvez, nos momentos de paixão, ele próprio irrefletidamente acreditasse no amor que dizia sentir. Porém, passado o arroubo, conseguia ver o quanto fora impulsivo e talvez lhe viesse um arrependimento tardio. Quem sabe?
Amigos, a verdade é que Ainda Uma Vez Adeus, mesmo passados tantos anos, ainda emociona a todos. E a Canção do Exílio, tão simples e eloquente, ainda hoje se impõe como o primeiro poema do simbolismo no Brasil, e, Gonçalves Dias, segundo Carpeaux, foi “o primeiro poeta verdadeiramente nacional”, também classificado por José Veríssimo como “o maior e mais completo poeta do Brasil”.
Deste modo, para felicidade geral da Nação, o melhor mesmo é deixarmos de lado os alvitres e digressões filosóficas e aceitar a corrente que idealiza o amor através de Gonçalves Dias e Ana Amélia. Assim também viveremos felizes para sempre com nossas convicções.
Pois, foi lembrando da saga de Antônio Gonçalves Dias que, em 03/11/2020, dia em que se rememorava o falecimento do poeta a bordo do navio Ville Bologne, na Baía de Cumã, eu me vi, de repente, meditando que, a despeito dos outros títulos auferidos por ele, a despeito de ser patrono da Cadeira nº 15, da Academia Brasileira de Letras, que eu saiba, o poeta não foi membro de nenhuma academia, só do Instituto Histórico, não precisou disso. Foi a sua obra que o imortalizou.
Imaginei também que, que se a fé pública pode encantar Dom Sebastião na Ilha dos Lençóis, quem sabe também Gonçalves Dias não esteja encantado na Baía de Cumã, de onde já podia avistar suas amadas palmeiras, mesmo que, do sabiá só pudesse ouvir o canto em sua imaginação? Mas, convenhamos, imaginação de poeta é coisa milagrosa!
E, naquele momento até pareceu-me ter ouvido Gonçalves Dias afirmando cheio de certezas:
mentira, não morri!
Não morri nem morrerei,
Nem hoje nem nunca mais.
Minha alma já fez morada
Na pátria dos imortais.
