Eduardo Castelo Branco, um empreendedor admirável

Eduardo Castelo Branco, um empreendedor admirável

Por Expedito Moraes

Eduardo Castelo Branco, empreendedor, ferrenho defensor do desenvolvimento da Baixada e em especial a sua terra – Anajatuba, onde tem vários investimentos.

Nos primeiros anos deste século conseguiu com o Governo do Estado do Maranhão, à época, José Reinaldo Tavares, por meio do deputado João Evangelista, ambos seus amigos pessoais, recursos para uma das obras de suma importância para aquele município, que foi a dragagem do igarapé de Troitá gerando toneladas de pescado semanalmente. Dessa experiência surgiu a ideia de construir as valas (açudes de 12m x 400 m) nos campos para criação de peixes e outros animais, bem como cultivos de modo integrado e sustentável.

Em 2015, o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) visitou os empreendimentos. Desse empreendimento tem-se o cultivo da Manga Gigante.

Sempre esteve envolvido com os principais projetos estruturantes da Baixada, por exemplo: o Diques da Baixada e a ponte que ligaria Anajatuba a São João Batista, e outros.

Articulado politicamente e com bom trânsito na administração atual, reuniram-se, neste sábado (28/01/2023), em sua casa em São Luís, várias autoridades do governo atual e de outros dos segmentos de empreendedorismo para discutirem assuntos pertinente à possibilidade de investimentos no Maranhão e, consequentemente, para o desenvolvimento da Baixada Maranhense.

O Dr. Márcio Vaz fez uma apresentação discorrendo sobre a necessidade da construção dos Diques e outras questões relacionadas com ao meio ambiente. Fui convidado, mas, por motivo de força maior não pude comparecer.

O debate foi excelente, disse-me Eduardo, bem como me afirmou que haverá nova reunião.

Vejam os presentes:


Da esquerda para direita.

Secretário adjunto da indústria e Comércio, Ubiratan. Secretário Cassiano , sec. Agricultura José Antônio, consultor Márcio Vaz , Pereira e Bergman , superintendentes na Sagrima , Max diretor CIM (Consórcio dos Municípios do Vale), Secretário de Pesca , Patrick.

TAPETE VERDE NO RIO

TAPETE VERDE NO RIO

Por Expedito Moraes

Amanhece chuviscando grosso. Durante a noite choveu tanto que alagou tudo. Nos campos, o capim ficou debaixo d’água. As águas escorrem pelos córregos até os igarapés, a correnteza é grande e leva tudo que encontra pela frente; animal afogado, galhos de árvores, estercos, troncos secos, derruba barreiras, arrasta tudo e despeja nos lagos e rios, assoreando os seus leitos.

Depois da tempestade, ouve-se o troar das águas despejadas pelos igarapés no rio. Nessa brenha mistura-se uma incômoda sinfonia executada por sapinhos, gias e cururus. Passam a noite nessa festa que só acaba com o raiar do sol. Acordo zonzo. Quase não dormi com toda essa barafunda. Ainda mais que, a embira que amarrava a meaçaba da porta da sala arrebentou com a força da trovoada e invadiu a sala, molhou a minha rede armada de um esteio à grade do meio me obrigando a desarmá-la e procurar outro lugar que não tivesse goteira.

Desço a escada para o terreiro e me deparo com um dos mais belos cenários do Rio Pindaré neste período. Estava coberto de um lindo tapete verde de uma margem a outra. Era início de janeiro.

O CAPITÓLIO TUPINIQUIM

O CAPITÓLIO TUPINIQUIM

Por Joãozinho Ribeiro*

A quem interessar possa / A história embora seja / Coisa escrita no presente / Sempre vasculha o passado / E traça o futuro da gente.

Quando afirmo que o futuro é pra ontem, é porque pelo passado recente nem teríamos direito ao amanhã. O tempo que se nos apresenta é de reconstrução e construção das relações humanas. A mudança é um processo permanente. A única coisa perene em todo o sempre do Universo em desalinho.

Implacável e contínua, a marcha dos acontecimentos convoca os sujeitos e os objetos da história para os atos, cujas digitais ficarão para os anais dos feitos das suas (des)humanidades. Uns cometerão canções e versos; outros, crimes e genocídios, que serão lembrados pelas vindouras gerações. A História continuará sendo o tribunal do mundo. Dela, não escaparão os ratos, ainda que abandonem as embarcações e retornem aos esgotos, ou que intentem dissimulados discursos, com auras de um intelectualismo reacionário e defensor do silêncio dos culpados.

Uma linha no horizonte / Um ponto no firmamento / A humanidade do Planeta / Despenca a todo momento.

 Devemos ser, cada vez mais, criteriosos e seletivos para escolher os confrontos e conflitos pelos quais valha a pena lutar. A nossa passagem por esta estação terrena é breve e única. Precisamos valorizar as coisas aparentemente pequenas e insignificantes, que valem e justificam o milagre da existência.

A paz e o reencantamento do mundo retornam como bandeiras necessárias para serem içadas nos pavilhões das nossas esperanças. Sem a pieguice contemplativa das omissões, nem o açodamento das ações destemperadas, inoculadas nos discursos de ódio e na pregação da violência, como meios e fins de resolução da peleja da sobrevivência.

Quem sabe, o recado de Modigliani ainda esteja bastante vivo e adequado para o momento: “O dever de todo artista é salvar o sonho!”. Quem se habilita e se credencia para esta tarefa coletiva e urgente? Qual parte caberá aos ditos intelectuais e acadêmicos nesta contenda de enfrentamento da barbárie e do obscurantismo?

Tormenta, degredo, tragédia / Silêncio que se alimenta / Do roteiro da comédia / Desumana e tão sangrenta.

 Trago comigo algumas respostas, sem nem mesmo conseguir formular as perguntas correlatas. Talvez estas nem existam, porém é importante não negar a possibilidade de suas existências, assim como se dizia das bruxas, em tempos de cumplicidades e pensamentos medievalescos, para justificar a inquisição e a queima dos corpos das mulheres, condenadas sem o mínimo direito de presunção de suas inocências.

Labaredas da vida / Acendendo as razões / E o Planeta girando / Em muitas revoluções.

Quem sabe precisemos retornar ao dilema de Galileu, diante do Tribunal do Santo Ofício, com todas as controvérsias das narrativas, e afirmar com todas as letras: “E pur si mueve!”

Navegar é preciso, Pessoa! Mais do que antes, por mares nunca e sempre navegados! Ou não! Valendo o risco que toda descoberta oferece! Os rios nos cios, as águas vão rolar, apesar daqueles contrários aos seus movimentos! A Terra gira, o mundo gira, o planeta respira, a natureza conspira! A poesia inspira!

A barca da existência / Navega sua leveza / Flertando com a natureza / Nas águas da paciência / Mergulho na finitude / Desejo e delicadeza / Deságuam na correnteza / Da fonte da juventude.

Hora da arte mostrar que existe porque já não basta a vida; e que esta, sem dignidade e respeito, não merece assim ser denominada. Vida e sonhos não são excludentes. Não precisamos importar caricaturas deformadas de atos que glorificam a barbárie e a incivilidade, com seus negacionismos baratos e dantescos. Prefiro finalizar o presente com uma preciosa exaltação da existência, do escritor angolano que nos visita, José Eduardo Agualusa: “A vida não é menos incoerente do que os sonhos; é apenas mais insistente.”

(*) Joãozinho Ribeiro (poeta e compositor, membro da Academia Ludovicense de Letras) e coator do livro Ecos da Baixada, com o artigo, “Ana, de Peri-Mirim para o mundo“.

BAIXADEIROS COM SAUDADES DO INTERIOR

BAIXADEIROS COM SAUDADES DO INTERIOR

João Silveira começou a conversa falando sobre A CASA TÍPICA DE UM BAIXADEIRO MORANDO A BEIRA DA ENSEADA.

Esteios de tucum, grades e caibros de marajá, cumeeira  de pau um branco qualquer, jirau assoalhado de marajá bem raspadinha, coberta e tapada de pindoba amarrada de cipó, ou embira, (conforme a condição financeira) janelas e portas de mensabas, amarradas de cipó ou embira.
Escadas de paus (dois ou três) amarrados de cipó.
Um quarto onde se abrigava toda a família ( em geral cerca de 10 a12 filhos).
Uma pequena sala e cozinha, com fogão de tacuruba, um jirau de lavatório, pela parte externa, uma mesa de pau lavrado a patacho posta sobre quatro forquilhas: uma forquilha de três hastes de urucurana fincada na cozinha, para sustentar o pote, um cofo pendurado acima da cabeça, pra guardar a cuia de farinha “pru mode” o cachorro “nun cumé”, um gato dorme encima da mesa, enquanto o cachorro se agasalha debaixo do fogão, tentando se aquecer com o calor do tataíba com fogo constante a esfumaçar, se protegendo do frio das chuvas intensas do inverno.

Apolinária Câmara entrou na conversa e declarou:

Quanta riqueza nos detalhes!
Mente fértil!
Parabéns, Silveira!
Não deixa os teus textos se perderem. Deves pensar em colocá-los num livro.
Já disse isso anteriormente. És profundo conhecedor dos costumes, cultura…da nossa querida BAIXADA.

Jirau, fogão de tacuruba, cofo, cuia de farinha, forquilha para sustentar o pote…
Era assim na casa de minha avó materna.
Quanta felicidade naquele tempo!

Expedito Moraes também deu  a sua opinião falando:

Este tipo de casa já era um modelo de arquitetura mais completo e com melhor acabamento do que a que SILVEIRA descreveu.
Na que ele se refere era mais encontrada nas beiras dos rios, campos e lagos. E normalmente eram de vaqueiros de gado ou outros animais ou pescadores, que dependiam da sazonalidade para se deslocarem do Baixo no inicio do inverno para o Teso ou vice-versa.
Chama-se esse tipo de moradia de Rancho por serem descartados de 6 em 6 meses.

Gracilene Pinto também deu seu pitaco e disse:

Em Penalva haviam muitos. As famílias alugavam a casa da cidade e mudavam-se por seis meses para o rancho, afim de secar peixe. E, considerando a arquitetura similar das estearias, é provável que o costume haja sido copiado dos povos autóctones que habitaram anteriormente a região e também lembrou sua poesia Estrada da Dor.

Américo Araújo também não ficou calado e declarou:

Super interessante esse debate, surgirão muitos baixadeiro apoiar e contribuir com histórias reais, e assim estaremos divulgando e fazendo nossa rica baixada conhecida pelo Brasil e além fronteiras. Parabéns.

Ana Creusa lembrou que esse tipo de construção rústica a qual Silveira em sua terra é chamada e Tijupá e Aroucha falou que: “É o início do inverno, começo do encharcamento dos campos, para no inverno pleno, os campos e lagos, ficarem assoberbados de água, nos deliciando com a cheia, onde as águas penetram as enseadas e banham as araribeiras e pipoqueira. Coisa linda de ver”.

As conversas dos Baixadeiros enchem de saudades os corações apaixonados pelo lindo Pantanal Maranhense. 

Fonte: Grupo de WhatsApp do Fórum da Baixada.