Palestra em Matinha sobre Paricás em Paricatiua

Palestra Paricás em Paricatiua (355 downloads)
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Palestra proferida em Matinha no dia 26/08/2018 no Evento Fórum da Baixada em Matinha, por José Ribamar Gusmão Araújo, que possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual do Maranhão (1987), mestrado em Agronomia (Horticultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995) e doutorado em Agronomia (Horticultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998). Atualmente é professor adjunto do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade da Universidade Estadual do Maranhão. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: manejo cultural de plantas frutíferas, porta-enxertos, prospecção e domesticação de fruteiras nativas, propagação e produção de mudas frutíferas, e sistemas agroecológicos de produção vegetal com ênfase para os componentes perenes. Atualmente, desenvolve projeto de inovações tecnológicas e estudos de qualidade de frutos na cultura do abacaxi Turiaçu nativo do Maranhão e realiza pesquisa com manejo agroecológico de bacurizeiros nativos da região do Munim, Maranhão.

Bosque de Paricás em Paricatiua: Um Projeto de Reflorestamento

A Baixada Maranhense é uma microrregião do estado do Maranhão constituída de 24 municípios. Nessa microrregião encontra-se uma submicrorregião chamada de Pericumã que contém nove (municípios). Um desses municípios é Bequimão. Em Bequimão há um pequeno povoado que contem não mais do que 200 famílias, chamado de Paricatiua. A população desse povoado sobrevive principalmente da pesca e da agricultura, onde produz arroz, feijão, milho e mandioca, praticamente para o sustento das famílias. Trata-se de um povoado muito carente que apenas em 2006, por ação do então Governo do Estado, levou água encanada para boa parte das famílias do povoado, através da perfuração de poços tubulares e rede de distribuição. Paricatiua seria um local em que a árvore Paricá aconteça em abundância. Paricá (Schizolobium amazonicum) é árvore da família Caesalpiniaceae, ex-Leguminosae Caesalpinioidea que ocorre naturalmente na Amazônia brasileira. Os maiores estoques naturais ocorrem no estado de Rondônia, nas tipologias denominadas de floresta densa e floresta aberta. A madeira da árvore é largamente utilizada na produção de laminados para fabricação de móveis. Por causa do seu elevado valor comercial e do seu rápido crescimento, apresenta um grande potencia para ser utilizada em projetos de reflorestamento. Nos dois primeiros anos de idade o Paricá apresenta casca lisa, fina, de coloração esverdeada, e uma copa rala sem ramificações. À medida que vai crescendo e se desenvolvendo, a casca vai ficando verde- acinzentada. Com o passar do tempo, a casca assume a coloração esverdeada recoberta de manchas esbranquiçadas. Nessa fase intermediária de crescimento, o Paricá é mais suscetível ao vento, podendo ter a sua copa quebrada facilmente. Na fase adulta a árvore Paricá pode atingir 30 metros. Nas condições amazônicas, a floração dos Paricás acontece entre maio e junho. 0 fruto do Paricá é um legume deiscente, alado, obovado, achatado, coriáceo, de coloração amarronzada (quando maduro), formada por dugs valvas que apresentam formato de espátula. 0 fruto contem apenas uma semente achatada, ovalada, de coloração pardacenta e revestida por um tegumento duro. Observa-se que em Paricatiua não se encontram exemplares da árvore, provavelmente por ter sido devastada no passado para ser vendida para construção civil, fabricação de móveis e talvez para confecção de embarcações. Alternativas que precisam ser objeto de pesquisas futuras. Neste estudo desenhou-se um projeto de reflorestamento para o Povoado de Paricatiua, onde serão plantadas ao menos 200 árvores em janeiro de 2019. O projeto envolve a participação da população do povoado, sobretudo da escola do município com o envolvimento de professores e estudantes crianças e adolescentes do nível fundamental. Envolve a participação de uma entidade não Governamental, o Fórum da Baixada Maranhense (FDBM) e a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) através do curso de Agronomia e do Núcleo de Georeferenciamento (NUGEO). Foram coletadas 300 sementes nativas de Paricás em municípios vizinhos de Bequimão pelos membros da FDBM. As sementes foram escarificadas por processo manual para agilizar a germinação e plantadas no dia 5 de junho deste ano em tubetes no viveiro da UEMA em São Luís, coordenado pelo Professor José Ribamar Gusmão. Em menos de uma semana, todas as sementes germinaram. Em meados de julho uma equipe de estudantes da escola municipal de Paricatiua, assessorada por professores da escola, Professores da UEMA, membros do FDBM, e pelo coordenador do LabSar, visitam o viveiro. As mudas estavam com uma altura média de 30 centímetros. Em janeiro de 2019 será efetuado o plantio das mudas em Paricatiua. Serão plantadas ao menos 200 mudas no Bosque dos Paricás, numa área de aproximadamente um hectare que foi cedida pelas autoridades do povoado para que se implante o projeto. Trata-se, portanto de um projeto de pesquisa, extensão e pedagógico, porque insere jovens do povoado, estudantes e professores do curso de Agronomia da UEMA e foi concebido no Laboratório do Semiárido (LabSar) da UFC.

*José de Jesus Sousa Lemos é Professor Titular, Coordenador do Laboratório do Semiárido (LabSar) na Universidade Federal do Ceará que atualmente conta com Seis (6) bolsistas de Iniciação a Discencia e um do PIBIC com recur

sos do CNPq.

Paricás em Paricatiua: expedição coroada de êxito

Paricás em Paricatiua: um sonho possível. Há tempos, o Dr. Lemos, engenheiro agrônomo, professor da famosa Universidade Federal do Ceará (UFC), natural do povoado de Paricatiua – Bequimão/MA, vem escrevendo em sua coluna que mantém no jornal O Imparcial que tem um sonho: plantar paricás em Paricatiua, cujo sufixo significa abundância, mas que não tem mais nenhum exemplar da árvore que originou o nome do povoado. Com isso, o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) interessou-se em ajudar o mestre a realizar o seu sonho.

A atual presidente do FDBM, Ana Creusa, em viagem a Fortaleza-CE, visitou o Dr. Lemos em seu local de trabalho: um lugar paradisíaco, com lagos, muitas plantas e cantos de pássaros dos mais variados. Nesse encontro, uma pergunta foi feita: “o que o FDBM pode fazer para ajudar a realizar o seu sonho?”, prontamente, o mestre devolveu a pergunta: “o que o FDBM pode fazer para ajudar realizar o meu sonho?”.

O assunto foi levado à Diretoria do FDBM. Nessa reunião estava presente o Dr. Gusmão, agrônomo e professor da UEMA que disse que não havia necessidade de comprar as mudas (esta era a ideia original), que bastava disponibilizar as sementes que seriam semeadas e desenvolvidas em viveiro da universidade. 

Uma comitiva do FDBM deslocou-se a Paricatiua para falar com a comunidade local, pois o sonho de Dr. Lemos era envolver a comunidade e os alunos do povoado na concepção do projeto e plantio das mudas.  A referida comitiva encontrou-se com Jorge Filho, que é vereador e líder da comunidade.

Posteriormente, as sementes foram coletadas no município de Governador Nunes Freire e entregues ao Dr. Gusmão, que providenciou a semeadura em um viveiro da UEMA.

O filho de Dr. Lemos, Marcelo Lemos, que também é engenheiro agrônomo e trabalha em Pinheiro, providenciou uma linda Logomarca e a confecção de camisas, vez que já existia a decisão de conduzir uma equipe de professores, alunos e membros da comunidade, em expedição, para visitar os paricazinhos na UEMA em São Luís.

Tudo pronto. Dr. Lemos e esposa de férias em São Luís, o que possibilitou o agendamento da expedição para o dia 16 de julho de 2018. Jorge Filho e sua equipe saíram de Paricatiua às 05 horas da manhã. Quase ninguém conseguiu dormir à noite, de tanta emoção e ansiedade para o grande dia. Dr. Gusmão já havia preparado tudo: sala para recepção da expedição, lanche e almoço no restaurante da UEMA.

A expedição foi recebida no campus da UEMA por Dr. Gusmão, pela Diretora do Curso de Agronomia e pelo Diretor da Fazenda-escola. Após o lanche, quase ao meio-dia, porque o Ferry Boat atrasou, ocorreu a visita aos paricazinhos. Na oportunidade Dr. Gusmão explicou todo o processo de semeadura e planejamento de transporte das mudas, que deve ocorrer no mês de janeiro de 2019.

Logo após, visitou-se Dr. Jucivan, que também é engenheiro agrônomo, no Núcleo Geoambiental – NuGeo, onde foi explicado o objetivo do núcleo, ao final da palestre, foi mostrada a localização de Paricatiua no mapa, o que provocou aplausos e muita alegria aos presentes. O Prof. Jucivan presenteou o FDBM com algumas publicações do núcleo. Depois seguiram todos para um delicioso almoço no restaurante da UEMA.

Três membros da Diretoria do FDBM estavam presentes ao Evento: Ana Creusa, presidente; Elinajara Pereira, 1ª Secretária; Alexandre Abreu, membro do Conselho Fiscal que usou da palavra para falar de sua experiência com o plantio de paricás, motivado pelos comentários sobre o sonho de Dr. Lemos. Outros forenses se fizeram presentes, além do Dr. Gusmão, Amanda Bahury, Ribeiro, Leuzanira Furtado e outros.

 Dr. Lemos ficou muito emocionado durante todo o evento. Elinajara, que é gestora do Projeto “Turismo na Baixada” do FDBM, demonstrou sua veia poética no seguinte verso:

Senti tamanha emoção
Como há muito não sentia
Quando vi num só lugar
Pontal, Marinho Mojó e Quindiua
De mãos dadas a sonhar
Com paricás em Paricatiua.

Todos saíram com saudades e demonstrando gratidão pela oportunidade, bem como revitalizando o compromisso de trabalhar para que o Bosque de Paricás seja instalado e sirva de motivação a outros povoados e municípios maranhenses, do Brasil e quiça do mundo!

 

 

Há sonhos que serão melhores se sonhados coletivamente

Há sonhos que serão melhores se sonhados coletivamente
Drs. Gusmão & Lemos

Idos de 2002, lá se foram dezesseis anos, eu estava em minha casa em Fortaleza quando um grupo de seis (6) prefeitos dos municípios da região que sofre influencia do Rio Munim entrou em contato comigo. Queriam que eu lhes fizesse um esboço do projeto que eu havia desenhado para recompor a mata ciliar daquele Rio, já então bastante deteriorada, com altura da lâmina d’água estreita em várias partes do seu percurso. Sem falar no assoreamento que era visível em quase todo o seu curso.

Eu imaginei que, uma vez conhecendo o projeto, haveria interesse em o executarmos juntos. Encontrei-os em Chapadinha, expus-lhes o projeto. Houve um debate interessante. Voltei para Fortaleza na expectativa de que os havia convencido, ainda que achasse estranho as Suas Excelências se interessarem por algo assim.

As minhas suspeitas ficaram confirmadas porque eles me deram um prazo para enviar uma resposta acerca da realização daquele trabalho. Dezesseis anos depois a tal resposta ainda não chegou. Devem ser as dificuldades dos correios… Acredito eu!

Mas aquelas ideias não me saiam da cabeça. O Itapecuru, seguramente um dos nossos Rios mais importantes, porque inclusive é o responsável pelo abastecimento de água de boa parte dos domicílios da nossa capital, padece dos mesmos problemas e também emite sinais evidentes de que precisa ser socorrido.

Como Secretário de Agricultura, em 2006, eu convoquei uma equipe de três pessoas: uma ex-orientada, um ex-colega de Liceu e outro Professor da UEMA para desenharmos um projeto piloto-experimental para recompor a mata ciliar num pequeno trecho do Itapecuru. Selecionamos um percurso que passa na cidade de Codó. Conseguimos recursos financeiros para realizar o trabalho, espécie de pesquisa-ação, em seis (6) hectares. Três hectares em cada margem.

Buscamos apoio da ALUMAR que prontamente nos atendeu e nos forneceu 2000 mudas de espécies arbóreas nativas, algumas já em processo de extinção. Recorremos à Secretaria de Educação do Município de Codó, para nos ajudar no projeto, disponibilizando espaço para eu convidar e falar com os (as) diretores (as) das escolas municipais, com as professoras e, com as crianças e adolescentes.

Havia uma ONG envolvida com a Igreja Católica que atuava naquela área. Era liderada por uma Agrônoma muito competente de origem Alemã, a quem recorremos para nos ajudar. Essa senhora fez uma casa precária, dentro da área do experimento, e se mudou pra lá. Ela trabalhava com adolescentes. Passamos-lhe a responsabilidade de viabilizar as restantes 1000 mudas que havíamos projetado para o projeto experimental.

O trabalho foi evoluindo num crescendo. As populações ribeirinhas se engajaram. Os dirigentes das escolas, professores, as crianças, adolescentes, também. Nossos técnicos da Secretaria se empolgaram. O resultado é que todos se apropriaram do projeto. O então Governador José Reinaldo ficou entusiasmado quando no dia 5 de junho de 2006, numa tarde de muito calor, sobretudo humano, uma multidão se aglomerou para testemunhar os plantios das primeiras mudas. Ao final do mandato do Governador plantamos 6000 mudas, em 12 hectares, com os mesmos recursos.

Voltei a rememorar aos meus leitores acerca daquele projeto por duas razões: Por ter sido uma da melhores ações profissionais e de ser humano que eu fiz nesta minha breve passagem por este Belo Planeta Azul, e porque estamos nas vésperas de vivenciar momentos tão intensos com aqueles de 12 anos atrás.

Eu imaginei que poderia buscar apoio no povoado em que eu nasci, Paricatiua, no município de Bequimão para plantar em torno de 100 a 200 mudas de Paricás, para que o povoado possa fazer jus ao nome que lhe foi dado.

Forense Ana Cléres

Comecei conversando com lideranças do povoado, que incluiu a Diretora da escola municipal. Logo acharam a ideia interessante e se colocaram à disposição para ajudar. Mais recentemente a líder do Fórum da Baixada, entidade criada para cuidar de temas pertinentes àquela parte bela, mas carente parte do Maranhão, que me conhecia pela leitura dos meus textos neste Jornal, soube do projeto e me procurou em Fortaleza perguntando o que a entidade poderia fazer para ajudar. Eu devolvi para ela a pergunta: “No que vocês podem nos ajudar?” Ela prontamente entrou em campo, mobilizou outras pessoas do Fórum e foram em buscas das sementes nativas (no projeto inicial eu pensei em comprar as mudas, tanto que cheguei a fazer levantamento de preços).

 Dr. Gusmão

Um colega, Professor da UEMA, se prontificou para prover o viveiro aonde germinariam as sementes coletadas pelos colegas do Fórum da Baixada. As sementes germinaram com menos de dez dias. Agora, no apogeu do seu primeiro mês de vida estão com aproximadamente 20 centímetros de altura, em média. Lindas!

Na próxima segunda feira (16/07/2018) estaremos numa expedição que trará de Paricatiua 25 crianças das escolas municipais, professores, gente da comunidade para, num ato solene as 10:00 da manhã naquele dia, todos conhecerem os “paricazinhos”.

O projeto “Paricás em Paricatiua: um sonho possível”, foi apropriado por uma quantidade enorme de pessoas. Em janeiro de 2019 realizaremos o plantio das mudas no “Bosque de Paricás em Paricatiua”. Todos os meus leitores estão convidados para presenciar um sonho que agora é coletivo. E que pode “transbordar” para outras áreas.

* José Lemos.

Paricás em Paricatiua: um sonho possível

O Conselho Regional de Economia do Maranhão – CORECON publicou em 2014 um livro sob titulo: “Ensaios sobre a Economia Maranhense”. O livro foi organizado pelo Professor José Lucio Alves Silveira e consta de seis capítulos. Uma coletânea de seis artigos escritos por autores maranhenses.

O CORECON-MA me convidou para escrever um dos capítulos daquela obra. Escrevi um texto de 79 páginas em que discorro acerca das dificuldades sociais e econômicas que insistem em fazer parte do nosso cotidiano, a despeito da nossa farta disponibilidade de recursos naturais. O título do meu texto é: “Maranhão: Estado (ainda) rico em riquezas naturais mas de população empobrecida”.
Começo-o escrevendo: “Com o potencial, e com a vocação agrícola que possui, o Maranhão poderia se constituir em um dos estados brasileiros maiores produtores de alimentos e de matérias primas de origem vegetal e animal.”

E sigo: “Há no Maranhão uma diversidade que o diferencia dos demais estados brasileiros, em que praticamente se encontram todos os ecossistemas que prevalecem no Brasil…”

Os leitores deste texto viram que no titulo do Capítulo do livro do CORECON eu coloco o advérbio “ainda” na frente de “rico em recursos naturais”. Este é um fato. Na semana passada eu discorri nesta coluna acerca da devastação das palmeiras de babaçu por agricultores de diferentes portes e por variadas motivações. Naquele texto eu falei de um trabalho experimental que durou quase dez anos que eu tive o privilégio de coordenar que está agora conseguindo frear um pouco a devastação dessa palmeira que é praticamente um dos nossos símbolos e que merecia ser um dos nossos orgulhos de maranhenses. Provavelmente o nosso poeta maior, Gonçalves Dias, se reportava a ela nos versos imortalizados “minha terra tem palmeiras/ onde canta o sabiá…”

Nessa saga devastadora muitas espécies vegetais maranhenses desapareceram, ou estão em vias de desaparecer. Isso pode ser detectado inclusive nos nomes de alguns municípios maranhenses.

Bacabeira, cujo fruto se chama Bacaba, é uma palmeira do mesmo gênero (Euterpe) da Juçareira que produz Juçara (Açaí, fora da nossa terra). O suco da Bacaba é, para o meu gosto, tão ou mais saboroso do que o da Juçara. São espécies diferentes. A Juçareira se desenvolve em touceiras, ou com filhações na mesma base radicular. A Bacabeira é como o babaçu: palmeira única.

Pois bem, tem um município maranhense de nome Bacabeira. Nas minhas andanças pelo município fazendo trabalhos científicos chamou-me atenção a dificuldade em encontrar exemplares da palmeira. Supõe-se que o nome do município não foi dado por acaso. Deve ter havido no passado muitas Bacabeiras por lá. A Bacabeira tem crescimento lento. O palmito das palmeiras é saborosíssimo. Talvez essa combinação esteja contribuindo para o desaparecimento da espécie.

Mirim é uma árvore que produz madeira de lei de excelente qualidade, sobretudo para a fabricação de embarcações, como se depreende de dois trabalhos de Mestrado que eu orientei na UEMA. Essa árvore também empresta nome a um município maranhense: Mirinzal (lugar rico em Mirim). Mas tentem encontrar árvores de Mirim na parte leste do estado nas vizinhanças do município, onde seria o seu provável habitat no estado. Caso encontrem alguma, levantem as mãos aos céus.

Axixá, também é árvore que empresta o nome a um dos municípios mais carentes do nosso estado. Quando eu fui Secretário de Agricultura, um dos projetos que eu desenvolvi com a minha equipe foi recompor as margens do Rio Itapecuru. Procuramos sementes e mudas de Axixá para fazer isso. Conseguimos algumas. Mas também é espécie em extinção. E não tem árvores de Axixá no município de Axixá.

 Plantio de Paricás no Município de Governador Nunes Freire

Paricá é uma arvore da família das leguminosas (acácias, algarobas, sabiás, flamboyants…). Empresta o nome ao povoado em que eu nasci no também carente município de Bequimão: Paricatiua (local abundante em Paricás seria o significado). Procuramos no povoado um exemplar da árvore e não existe, nem pra remédio, como diria a minha mãe, Dona Amélia, do alto da sua sabedoria. Provavelmente a devastação dos Paricás na minha terra tenha se dado para a fabricação de casas de taipa, embarcações, ou mesmo para serem vendidos como madeiras de lei, dada a sua elevada qualidade. Ainda vou fazer uma pesquisa sobre isso.

 Sementes de Paricás entregues na UEMA ao Dr. Gusmão.

Por isso criamos um projeto “Paricás em Paricatiua: Um sonho possível”. Conseguimos sementes das árvores. Um colega Agrônomo, Professor da UEMA, fez um viveiro nessa Universidade e plantou as sementes no dia 5 deste mês (dia do meio ambiente). As mudinhas estão se desenvolvendo bem. Agora no dia 16 de julho vamos numa expedição que inclui crianças das Escolas municipais de Paricatiua, pessoas sonhadoras como eu conhecer o viveiro.

      Plantio de Paricás em Viveiro da UEMA

Em janeiro, quando começarem as chuvas plantaremos um bosque de Paricás em Paricatiua. Um sonho que queremos acordar vendo concretizado. Agradeço desde já a todos que estão ajudando nesta empreitada. Paricás em Paricatiua: Tudo a ver. E, quem viver, verá!

*José Lemos.